BRASILIDADE

Nós, brasileiros, na minha visão de brasileiríssimo também e tão comum, temos uma mania danada, de ficar nos achincalhando, de ficar nesse auto menosprezo de dar dó. Nessa pieguice ardida.

Somos um país novo, privilegiado, invejado pelo mundo afora, pelo propósito da nossa natureza, pela alegria do nosso povo, por sermos um povo festeiro, cativante, receptivo, ordeiro e com nossa cultura e nosso contexto econômico-social em pleno desenvolvimento.

Somos um povo inteligente, admirado pelo mundo afora e insistimos, persistimos até, nessa insolente mania ainda tupiniquim de nos mal dizer. De nos auto-menosprezarmos.

Em certos momentos, fico pensando sobre essa nossa mania e para amenizar certa tristeza que me dá, acabo justificando essa pieguice pelo fato de sermos uma nação formada por gente vinda de todo canto do mundo, que ainda mantém suas raízes e culturas de forma burra e dispersamente isolada.

Muitos de nós ainda se sente alemão, outros ainda italianos, alguns ainda japoneses, enfim, nessa insana manutenção das origens dos seus antepassados, ingorando a brasilidade herdada dessa nossa terra, quando aqui nasceram.

Nossa efetiva identidade como um povo brasileiro ainda está em formação e por isso não temos o espírito da irmandade que leve todos a objetivos comuns, a defesa dos seus, a valorização do que é nosso e por nós - orgulhosamente brasileiros que somos.


Ainda somos meio que assim uma família formado tão somente por filhos adotivos, quando - apesar das necessidades comuns - não sentimos correr nas veias o mesmo sangue, nem temos em nossos tecidos o mesmo DNA. Ainda somos um povo disperso e sem o sentido de irmandade que forja uma verdadeira nacionalidade.

Mas isso passa. Já era para ter passado. Mas vai passar. Ainda nos sentiremos todos como irmãos de verdade, filhos da mesma terra, da mesma pátria e nos defenderemos como irmãos e nos valorizaremos mais.

Ainda enalteceremos mais nossas próprias qualidades e nossas virtudes, ao invés de ficar vangloriando a outrem, por conta desse desmazelo para com quase tudo que é nosso.

Sou mais um brasileiro comum, mas não penso dessa forma tão comum e tão pequena. Tenho um orgulho sem tamanho de ser brasileiro. Um orgulho imensurável do nosso país, da nossa cultura, da nossa música, da nossa natureza, do jeito brasileiro de ser.

E sei que ainda somos um pais criança e por ser criança ainda brincamos  e somos felizes. Apesar dos tantos que aqui vieram ao mundo e daqui não se sentem verdadeiros filhos, ainda.