O fim de um amor

O fim de um amor

Calada numa noite triste, pensando em tudo que viveu ate hoje não se conforma, reluta com seus sentimentos, pensa que é sonho. Olha a sua volta e vê um mar de solidão, sua vida está vazia. Aquela escada, aquele beijo, aquela sensação de dor.

Tudo para ela não existia, agora com seus cabelos curtos, suas unhas sujas pela falta daquele amor. Seus olhos vermelhos ainda molhados, fazem de seus pensamentos um vasto rio de saudades, aquela terra já não a pertencia, os olhos azuis já não alimentavam sua sede vital: o amor.

Ela tenta se enganar nos dias que correm sem parar, nas horas curtas que vive, sorri falsamente e canta, mas canta de saudade, canta sem maldade, canta para ele. O medo, a injuria, o rancor... Ela sente, ela vive, ela o ama, ela o deseja e a todo o momento ela lembra: numa tarde vazia, o sol que reluzia no alto do céu, encandeou-a e num brilho de um sorriso, papeis , lápis e o caderno no chão, aquele foi o primeiro encontro. Ela recorda com precisão, cada instante ao seu lado. Sua casa esta vazia, sua cama bagunça, a chuva lá fora caindo, tão mansa o frio de outono, no inicio do inverno. No radio o blues tocando, a taça de vinho sobre a mesa, pratos sujos. Ela sentada próximo ao radio procura o cigarro, a fumaça é uma nuvem de recordações, seus lábios molhados umedece o filtro do cigarro, ela nem percebe, pois agora ela se lembra do sexo, ele sempre a amava com perfeição, ela sente os beijos quente, o gozo quase interminável...

Suas recordações a fazem sofrer... Seu celular toca nem olha, pensou ser a mãe, lembrara de que iria passar fim de semana com ela, não atendendo joga o aparelho pela janela. A chuva não permitiu muito tempo de vida a ele, logo estava encharcado, talvez fosse a cólera de Helena que o teria molhado antes da chuva, ela observa, sente medo, a pouco ele saiu.

Caminhando para a cozinha, recorda dele com doçura, o perfume ainda estava lá... Ele disse “não”, pensamentos agora em voz alta. Olha para mesa, ver, chora... Ouve a música que ainda toca para ele, sente com medo, ascende mais um cigarro, o sente como balsamo. Sentiu uma dor no coração, o que senti por ele deveria ter morrido a mais tempo, mas seu coração nutria a esperança, no ouvindo ainda ecoava a voz dele “não lute por esse amor”. Ela pensa. Sente o sangue como uma navalha em seu peito, não acredita que amar é perdido, chora, Helena chora e se apavora na solidão da casa. Seca as lagrimas com os dedos. observando a cozinha, pensa em viver, mas viver sem ele não tem razão, abre gaveta por gaveta do armário, suas lagrimas voltam a cair, seus pensamentos agora estão cheios de maldades, percorre toda a cozinha, jogando gavetas, pratos e talheres no chão. Encontra o que ela queria, e num breve riso de dor, momento de êxtase grita e realiza sua vontade numa loucura alucinante, deseja veneno, quer beber seu próprio sangue, sentir o sabor de sua vida inútil, infame nos últimos instantes que lhe resta.

Ver correndo pelo chão, o vermelho de sua vida, seus olhos enxergam a escuridão. Desfalecendo, seus pensamentos vão se esvaindo e num último instante de vida ver passar por seus olhos o amor que não foi seu, culpa o vicio, a paixão louca por se mesma, o uso de sua própria vida que mal vivida se tornou sem sentido... A escuridão toma-lhe o pensamento, Helena só sente o que não vê, agora prova de um desejo irrevogável, sente na carne, na alma a morte.

Seu corpo inerte naquele frio chão exalava o pecado, pecado de um amor sem vida, sem consumação.

Alisson Vital
Enviado por Alisson Vital em 06/03/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2123328
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