UM FANTASMA NA ILHA DAS ARARAS!

Sempre gostei de pescar e isso é mais do que um prazer pra mim, além de eu me sentir completamente longe de qualquer problema eu me divirto muito. Já fiz muito isso tempos atrás. Agora estou bem devagar quase parando, devido ao meu trabalho, mas de vez em quando eu vou pegar uns peixinhos. Conheci um casal muito gente boa, de pescadores aqui da região. Isso já faz muito tempo também... Com eles fiz uma amizade duradoura. A Conceição esse é o nome dela, já é falecida, mas, o João Dias, vulgo (cação) ainda é vivo e pesca sempre que pode. Eles tinham (ainda existe embora bem velhinha) uma casa na Ilha das Araras, situada a mais ou menos três kilometros de distância da orla. Daqui de casa, se eu subir no muro posso vê-la mar adentro. Eu pesquei com eles durante uns 3 anos seguidos, armávamos as redes em volta da ilha e pegávamos bastante peixes para venda e também consumo, vinha Cocoroca, Robalo, Palombeta, Arraia , Perajica, Pampo etc... Pescávamos tainha quando na sua temporada também. A vida era bela e tranqüila na ilha, um verdadeiro paraíso. Quando ele ou eles iam para a terra (cidade) fazer compras e voltar, ou ficar alguns dias para resolver assuntos, eu ficava pescando sozinho. Quase sempre eu com a Conceição tomávamos o rumo das pedras costeiras da ilha, para lançarmos as linhas na espera de pegar Garoupas. Geralmente na sorte além da prática, trazíamos umas cinco ou mais por dia... Éramos muito mais que amigos, quase irmãos, pois cuidávamos um do outro naquela ilha maravilhosa. Sempre ouvira algumas estórias sobre acontecimentos estranhos, diziam ter visto coisas, pessoas e vultos na noite, (isso de pessoas que eram mais antigas (além da conceição) e de outras que já tinham passagem por aquelas ilhas). Tem oito ilhas no total. Mas comigo até então nunca tinha acontecido nada de fenomenal. Certa tarde o Cação foi em terra para fazer umas compras e trazer gelo, (só retornaria noutro dia) eu fiquei com a Conceição. Naquela tardezinha ainda fomos pescar e pegamos umas Garoupinhas (citada acima), que é um peixe muito bom para fazer caldo. Limpamos os peixes, fizemos a faxina e depois de ouvirmos a previsão do tempo pelo rádio, fomos dormir. Eu dormia no quarto de beliches e ela em uma cama na cozinha (gostava desta cama por causa da ventilação), portas e janelas abertas é claro, puro verão. Pertinho de meia noite houve-se um barulho enorme de impacto, como se fosse uma pedra de quase um quilo arremessada contra a parede de madeira do nosso lado.

Chegou a tremer as tábuas, o estrondo foi tão alto, que as galinhas que dormiam empoleiradas na cumeeira da casa e no pé de sombreiro, cacarejaram e voaram saindo loucas e assustadas, imagino que cada uma em rumos diferentes. Como era de se esperar acordamos de imediato, pois só o marulhar baixinho das ondas nas pedras é que era comum naquelas horas. Naqueles segundos decorridos, os nossos pêlos dos braços e do rosto ainda permaneciam eriçados como a perceber que uma alma de outro mundo estivesse passando por ali, gélida e incomodada com alguma coisa.

Porraaaaaa!!!!! Cara, tu ouviu isso Conceição? Ela falou: Meu Deus Edu, que qué isso??? Quem é que está aí? Indaguei ressabiado e com o coração batendo um pouco além do ritmo normal, pensando ser uma brincadeira de alguém ou algum pescador que chegara de mansinho para pedir pousada na ilha (as vezes acontecia isso) aguardei um pouquinho... Não obtendo resposta fui investigar. Levando uma lanterna iluminei ao redor da parede lá fora e não vi ninguém, nenhum pescador ou canoa do outro lado também, nenhum sinal de pedras ou troncos que tivessem por um acaso rolado de cima do barranco. A área era sempre mantida limpa em volta da casa para evitar entradas de centopéias, aranhas e escorpiões, caso esses escapassem do apetite das galinhas que criávamos por lá. Analisei tábua por tábua e não vi marcas ou sinais de batida. Peguei o lampião e subi uma parte do morro e não vi nada suspeito ou real que se encaixasse naquele fenômeno. Juro por tudo que é mais sagrado que eu não entendi até hoje aquele estrondo. Não foi deslocamento de estrutura tá bom? Foi uma pedra bem grande (que nunca existiu ou jamais foi encontrada), que jogaram na parede. Impressionados, conversamos sobre várias coisas, rezamos bastante, e dormimos, bemmm, beemmmmmm, mais tarde do que o normal.

Eduardo Eugênio Batista.

Setedados
Enviado por Setedados em 19/03/2010
Reeditado em 29/05/2011
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