CREME DO ÓDIO

CREME DE ÓDIO

É mano, descruzando as pernas que estavam adormecendo, me sentei o mais ereto possível para apreciar um monumento de mulher que desfilava rebolativamente, toda vestida para ir à missa de domingo. Bigode pôs a mão no meu ombro e disse pensativamente em grossa voz – Milagre da vida, vai querer mais uma lourinha Seu Tór?

- Ah sim Bigode e põe uns camarãozinhos torradinhos num pratinho, por favor.

- Ok

Mas Bigode não saiu do lugar e nem tirou a mão do meu ombro, olhei por cima do meu, olhei para cima vendo uns olhos espantados noutra direção que não daquela linda bundinha rezadeira, olhando na mesma direção vi o Bagaceira e o Pijamão (Bagaceira por causa dos cacos de dentes em sua boca, e Pijamão por causa da magreza do dono do apelido que originariamente era pijama de uma lista só), os dois vinham correndo e gritando, daquela distância não se sabia o sentido dos gritos. Esbaforidos pediam ao Bigode que Chamasse o Samu (ambulância) para atender várias pessoas no Campo de Futebol. Não conseguimos ainda entender o que se passava e Bigode já voava para o seu Celular. Os Dados seriam pelos menos três pessoas com cabeças, pernas e braços danificados, nenhuma morte. A causa: Briga no futebol no Campo da Comunidade.

Mas o jogo era entre vizinhos e amigos da comunidade, que só praticavam este esporte e uma vez por semana aos domingos, tinha tanta perna de pau aposentada que os jogos começavam as 5 horas da matina para dar tempo de todo mundo jogar antes das 11 da manhã. Todos domingos tinha troféus e medalhas, muita zoaria, mangação, e rodadas de cerveja pagas pelos perdedores, as vezes eram de 8 a 10 caixas com 24 unidades cada, além dos tira gostos trazidos de casa preparados pelas esposas torcedoras ou mesmo as ranzinzas. Era uma espécie de confraternização semanal entre vizinhos e amigos, onde o palco era o futebol, mas o principal era a renovação da amizade.

Aos poucos suados e molhados foram chegando e mamando os gargalos das garrafas de cerveja, cansados iam contando o que tinha acontecido: Um Gol anulado, uma entrada nas pernas e um penalt não convertido. Três amigos entraram em choques físicos primeiro com agressões verbais onde as genitoras sofreram calúnias verbais de costume, depois os tapas e murros e por fim, um pedaço de pau, um cano de ferro que misteriosamente apareceu, um facão. Mais gente envolvida os deixa - disso virando lutadores e a bagunça geral. Um correu para casa para buscar uma arma de fogo e ainda não voltara.

Quedei pensativo, beberiquei a cerveja já quente esquecido da fortuna recente da minha visão “amigos assim a se matarem por um nada?”.

Risos já desanuviava o ambiente, e o caso sério estava virando piadas entre eles, já conseguiam brincar com os agressores que ainda desorientados e assustados pela própria conduta riam amarelos mas já entrando no clima de camaradagem BUTECAL DOMINGUEIRA. Crianças/homens/crianças.

Mas a humanidade no geral não é assim tão simples, O Oriente médio fomenta um ódio que nem mesmo as gerações atuais conseguem localizar, e a cada dia são doados mais combustível para alimentar este ódio.

Comandos terroristas detém escolas e verdadeiras academias de treinamento terroristas, onde a cartilha é um manual religioso/terrorista, as crianças aprendem como bê-á-bá como odiar um ocidental ou um judeu, aos sete anos já aprendem a manejar armas como um guerrilheiro. O Alcorão é inutilizado como instrumento de ódio, desviado em sua trajetória de amor entre irmão. Assim se procede nas favelas e cidades brasileiras onde já se vê crianças portando e usando armas de diversos calibres e já nem causam mais espanto uma criança de 09 anos assassinarem um motorista num semáforo. Nos Estados Unidos as Crianças pegam prisão perpétua por crimes cometidos, Enquanto em Arapiraca se cometem crimes sexuais contra as crianças. Parece que o Deus dos Largatos está vencendo esta batalha. Chega a telinha uma Gari devolvendo 30 mil reais em cheque achado em sua varrição diária pela cidade de Salvador, uma esperança para os Humanos, uma luz. Mas parece que a verdadeira escuridão está tomando de assalto todo planeta, só deixando de quando em vez escapar alguma luzinha. E assim como as catástrofes consecutivas, sempre se busca explicações, também para a indiferença pela maldade e pela dor nos outros, parece estar sendo criado um produto na mídia, uma espécie de creme de amortecimento. Um instrumento na guerra suja de destruir a alma da humanidade.

Assim mesmo vendo “cenas chocantes” e de tanto ver se repetir as maldades e os absurdos de violência e despudor, ficamos que entorpecidos e sem ou com a capacidade de reação e indignação cada vez mais reduzida, reduzindo assim há de se prever que num futuro bem próximo, estaremos todos robotizados, desumanizados, sem as principais colunas da Humanidade: Amor, Compaixão, capacidade de reversão e luta pelo bem e bom, discernimento, tolerância, altruísmo.Ficaremos como que sem Deus, sem Pai, filho e espírito. Seremos máquinas Humanas indiferentes buscando avaramente benefícios próprios subindo pesada e apressadamente pela escada de cabeças e ombros humanos em busca de um cume, mas que CUME?

Como condenados numa câmara de gás letal Nazista, atropelaremos os mais fracos só para morrer mais tarde. Morrer mesmo a sós, sem esperança. Sem fé.

Como um alerta, quero ver um esforço para tornar homens humanos, mulheres fortes e ternas, crianças bem crianças e jovens inquietos e idealistas. Para tal se faz necessário dignidade humana e as doses para tal todos conhecem e os nossos políticos utilizam em vão numa afronta cínica, nossos religiosos idem, nossos líderes, bem nossos líderes tem que por metal precioso de humanidade no lugar de pés de barro.

Saio do buteco, não sem antes escutar parte de um programa Policial onde se vê sangue, cadáveres e areia, onde a areia com o sangue forma um creme, creme este que é vendido na TV, aos gritos sensacionalista do repórter, os bebuns e os jogadores do buteco nem vêem aquilo, estão rindo ainda bem. E o creme do ódio certamente está sendo revendido via Mídia para milhares de telespectadores naquele exato instante.