Pirações

Algumas coisas são fora do padrão de normalidade no comportamento

das pessoas. Quando isso não é proposital, para chamar a atenção

e também se não é caso de loucura mesmo, chamo de pirações.

As pirações variam de níveis, de intensidade e freqüência,

mas se os sintomas persistirem, procure um médico.

Entre as minhas pirações posso citar que coloco o açucareiro

na geladeira, blusa do lado avesso, meias que não formam pares

e até um dia, há bastante tempo, estava estudando na cama e levei

o controle remoto da TV deixando minha calculadora no lugar dele.

Fico preocupada com as coisas muito improváveis, quando coloco

sabão em pó na geladeira, por exemplo. É certo que fui distraída

no trajeto ou meu cérebro estava ocupado com algo mais importante.

Na hora, dá medo, porém acabo achando graça e penso estar salva,

pois não tinha ninguém olhando. Bobagem, logo conto para todo

mundo. Gosto de rir dos meus erros.

Quando exponho minhas loucuras alguém logo fala das suas

e olha que tem pirados. Colocam tênis em um pé e sapato no outro,

se arrumam e saem para trabalhar em pleno domingo e são avisados

pelo segurança da empresa que não tem expediente

nos finais de semana. Esquecem de buscar as crianças no colégio,

a mulher no shopping. Esquecer a mulher é enganação,

pode até ser verdade ou um impulso contido, sabe-se lá.

Um bom remédio para muito males e pirações, usado largamente

como prevenção é tirar férias. Largar o relógio de lado,

curtir a natureza, fazer o que a gente gosta, relaxar.

Se não der para tirar férias, pelo menos um fim de semana pronlogado ou pequenas doses, durante o ano, de cinema, paz, caminhada, boa companhia.

É meu tratamento anti-pirações e não tem contra-indicações.

Ana Mello
Enviado por Ana Mello em 24/03/2010
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