Imagem: La liberté Guidant le Peuple - Eugène delecroix
Música: Sinfonia 5 - Beethoven


Greve de Fome

 
O ser humano necessita de comida e água para alimentar o corpo, de fé para fortalecer a alma e de liberdade para alimentar os sonhos.

Água, comida, fé e liberdade são essenciais ao ser humano. Água e comida são elementos necessários para manter vivo todos os seres do reino animal, mas, os humanos possuem fé em alguma coisa ou idéia e necessitam de liberdade para desenvolverem os seus planos.

O maior inimigo da liberdade é o poder, ou melhor, o abuso de poder. Somente os cidadãos possuem as prerrogativas de conferir e legitimar o poder. O poder seja ele político, econômico, social, eclesiástico ou qualquer outra forma de poder é temporário. Se não for temporário não é poder e sim abuso do mesmo.

O grande problema da humanidade é que um indivíduo ao receber o poder, que ao povo pertence, passa a acreditar que o poder é ele. Quando um homem passa a creditar que ele é o poder o seu caráter desaparece, a sua memória enfraquece, o seu espírito embrutece e o seu passado histórico perde o valor.

No final dos anos 50 e inicio dos anos 60 o mundo aplaudia o jovem revolucionário Cubano Fidel Castro pela derrubada da ditadura de Fulgêncio Batista. Mas, o poder foi maior que o caráter de estadista e sob a batuta de Fidel Cuba se transformou na mais antiga das ditaduras das Américas nos tempos modernos.

Existem quatro formas de luta contra uma ditadura: A primeira, intelectuais e artistas usando a arte como instrumento, lança seus gritos, suas cores, seus sons e seus textos em favor da democracia, mas, ma grande maioria das vezes o apelo da intelectualidade e da arte sofre a ação impiedosa e maléfica da censura. A segunda, a diplomacia política, que seria o canal oficial para a resolução do impasse, se perde ao meio de interesses pessoais, regionais, econômicos e ideológicos. A terceira, empunhar armas, formar guerrilhas, treinar belicosamente pessoas para matar seus irmãos que pensam de maneira diferente para conquistar o poder. Essa terceira forma tem sido a mais usada, muito embora, todo poder conquistado pelas armas é efêmero e não goza de legitimidade. A quarta, a greve de fome, se transformou num brutal exercício contra a tirania do poder. Geralmente são pessoas que já esgotaram suas palavras e em vez das insanidades das armas e das guerrilhas recorrem a esse brutal, mas, pacífico instrumento de sensibilização e de luta.

Um preso político não pode ser comparado a um bandido que cometeu um latrocínio. Esse último matou para roubar uma vil matéria; o preso político, na grande maioria das vezes, teve os seus sonhos assassinados e a sua liberdade roubada por pensar de maneira diferente. Pensar de maneira diferente é necessário para sustentar as democracias, que apesar das imperfeições, é o melhor caminho para o aprimoramento político, social e econômico.

Gandhi, Luther King e Mandela usaram e defenderam a greve de fome como instrumento pacífico de luta por ideais. Churchill e outros falsos estadistas, embriagados pelo poder, condenaram de forma verbal e irracional àqueles que usaram e que continuam usando, de forma brutal, seus corpos e suas vidas como instrumentos de luta por ideais de justiça e liberdade.