OS "MICOS" QUE VIVI - parte 1

OS "MICOS" QUE VIVI !

Eu poderia dizer que minha vida foi um mar de "micos" -- com alguns "kingkongs" pelo meio -- e não estaria mentindo. Desde os primeiros anos uma sucessão de pequenos "desastres" e tropeços enfeitou minha existência... alguns, de tão marcantes, se tornaram inesquecíveis.

Salvo engano, o primeiro deles se deu aos 4 ou 5 anos de idade, quando eu e meu irmão gêmeo resolvemos "explorar" um armário da casa da rica patroa de minha mãe. Subimos (os dois? nem me lembro mais!) numa bela pia e um estrondo trouxe todo mundo para o quarto. A pia desabara com nosso peso... saímos sem um arranhão, entre pedaços afiados de porcelana branca.

Colocados por meu pai num ônibus interestadual, no longínquo 1959 ou 60, nosso destino era o Paraná, 3 dias de viagem, com "baldeação" em Curitiba, para finalizar na cidade de Rio Negro. Com bermuda e camisa de manga curta em pleno inverno, sem bagagem nem cobertor, sem comida nem acompanhante, os meninos favelados de 7 anos nem sabiam que ônibus tinha banheiro. Vai daí...

Em 1961, já num colégio interno de Santa Catarina, os gêmeos fizeram sucesso... requisitados para tudo, escalados para a Santa Missa dominical na Matriz local, fomos encarregados de portar enorme faixa com o nome da Escola, no desfile de 7 de Setembro. Quando fico nervoso (ou com medo) o estômago dá o alarme... daí, preciso correr para o banheiro mais próximo. Sem "casinhas" (ou WC, como se dizia na época) na avenida do desfile "marchei" como pude até um colégio próximo, mas cheguei lá com o "fato já consumado". Não lembro se a Escola participou de outros desfiles, sei apenas que nunca mais fui designado para nenhum, nos 3 anos seguintes.

Em 63 ou 64 fechei o ano letivo no palco da Casa Paroquial (de Alto Paraguaçu/SC) e palcos se tornariam o espaço ideal para meus seguidos vexames. Fiz um "caipira" que cantava enorme cordel sobre as novidades que encontrara na cidade grande. Com memória excelente para todo tipo de bobagem, esqueci boa parte das estrofes e o burburinho da garotada indócil não me permitia ouvir o "assopro" do ponto na coxia. Terminei o suplício de qualquer maneira, disposto a não mais pisar num tablado.

Ledo engano: as freiras nos escalaram em dez.1964 para fazer uma peça sobre um general e seu ordenança, cujas esposas os chamavam de poltrões e os tratavam a vassouradas. Sem rádio nem jornais no Colégio, suponho que as Irmãs Vicentinas nem tenham tomado conhecimento da recém-instalada Ditadura Militar.

Em 1965 meus tios decidem que vou ser padre... um sacerdote na família era sinal de status e de reverência por parte da vizinhança. Assim, no ano seguinte, lá estava eu no palco novamente, dando as boas-vindas ao Clero inportante (de Curitiba) e fazendo a pré-apresentação dos números do show de encerramento do ano letivo de 1966 no Seminário.

Apareci no centro do palco, na junção das imensas cortinas vermelhas, perto de 300 cabeças de alunos, seus pais, irmãos e tios me observando. Discurso na ponta da língua, papelote oculto na mão -- para o caso de um lapso de memória -- dei 3 ou 4 passos para a esquerda. Encerrada a peroração, com discretos aplausos ao "orador", que se vira apalpando a junção das cortinas para sumir das vistas do público. Cadê a saída salvadora?! Desaparecera! Arranhei 2 metros de cortina... e nada, enquanto o teatro vinha abaixo sob o peso das gargalhadas.

Após 1 minuto -- que me pareceu um século -- saí pela lateral "com o rabo entre as pernas" , verde de vergonha. Em 1967 enganei meus tios sobre a data do início do ano letivo e não voltei mais ao Seminário São Vicente de Paula, de tantas boas recordações e hoje "extinto", transformado em colégio comum, segundo meu amigo de classe Augusto Spizla. Juro por todos os santos que ainda ouço as gargalhadas... triste sina!

Por falar nisso, na leitura de uma das minhas caprichadas redações, na segunda série, troquei a acentuação da palavra HIPÓTESE, têrmo dificil e escolhido a dedo para valorizar meu texto. A classe estremeceu as paredes da sala de aula de tanto rir... e eu quase morri de vergonha, marco indelével de meu passeio de principiante pela seara da literatura e do texto escrito.

E voltamos ao Rio de 1974, como officeboy da Cultura Inglesa-SBCI, que não só oferecia almoço e lanche para os funcionários como também dava curso avançado de inglês para os que quizessem, graduando-os anos depois professores da entidade. Dispensei o curso em poucas semanas e, quando a SBCI inaugurou filial em Copacabana, consegui transferência para o meu bairro.

Nos momentos vagos ía para a praia em frente e, na hora do almoço, o tempo de sobra passava eu deitado nas canoas dos pescadores. Um dia deram discretas pinceladas de piche numa das canoas... nesse dia eu estava de calça branca, espécie de "pijama hippye" amarrado com um fio. Á tardinha a gerente me dá um ultimato: ou andava "menos sujo" ou ía "para a rua". Só então descobri que trabalhara metade do dia todo sujo de tinta preta.

1975 marcou minha vida para sempre; eu vivia desempregado e, com cadastro em 2 ou 3 empresas de serviço temporário, fazia 'bicos" em meio Rio de Janeiro, de megaempresas multinacionais a minúsculos comércios. Fui parar no primeiro negócio de "delivery" do Brasil, não creio que houvesse serviço igual em nenhum outro local. A idéia era simples e prática: o cliente nos ligava pedindo algo, que a gente comprava e do qual cobrava custos mais taxa pelo serviço de entrega.

Minha função era ficar numa mesa "telefônica" antiga, monstrengo cheio de pinos, buracos, chaves e luzes. Na primeira noite correu tudo bem, embora o patrão insistisse que ligara de madrugada e eu não o atendera. Protestei... estivera à postos a noite inteira, só podia ser um equívoco. No dia (digo, noite) seguinte acordei às 2 e meia da manhã com o dono do negócio quase me estrangulando e metade da mesa com luzes acesas. Demitido no ato, tive que reconhecer que jamais resisti ao sono, acostumado desde a infância (nos internatos e no Morro sem rádio nem TV) a "dormir com as galinhas". Ainda hoje, assistindo televisão às 18 ou 19 horas, me pego acordando meia-noite ou mais.

Fechei o ano de 1975 bancando o "trouxa" -- otário, nos dias atuais -- junto com uns 300 outros inocentes úteis. O famosíssimo Circo ORLANDO ORFEI estava na cidade, cruzara os 3 continentes em apresentações magníficas. Poz um anúncio contratando figurantes para um filme que rodava debaixo da lona... fui um dos inscritos, doido para ver os trapezistas e palhaços de graça e ainda ganhar uma boa grana, a diária era excelente.

Palhaços fomos nós... um sujeito misturando espanhol e italiano, com um megafone na mão, nos "dirigia" enquanto um reles trapezista preguiçoso apenas se balançava de um lado a outro do teto do Circo. Nada de feras, malabaristas, pantomimas! A ordem era olhar para cima e aplaudir ou rir (de coisa alguma) de vez em quando. Dois dias nesse marasmo e, no terceiro dia, o pagamento. Lá pelas 4 da tarde, tiros, gritos, a "palhaçada" toda correndo... veio um diretor nos informar que o criouléu do morro em frente teria assaltado o funcionário que faria os pagamentos.

Ninguém acreditou... até porque não se viu coisa alguma, nem mesmo perseguição aos tais assaltantes vindos do Morro da Providência, o Circo estacionara do outro lado da Central do Brasil. Ficamos até quase 7 da noite aguardando, prometeu-se pagamento para o outro dia e a rapaziada, iritada, virou carrinhos de pipoca, rasgou lonas, quebrou trechos da arquibancada e apedrejou ônibus e carros da "troupe". Quando recebi outro convite em 1976 para o filme de Capoeira "Cordão de Ouro", recusei sem pestanejar. Meu irmão Renato se inscreveu, quase não recebe seus honorários, mas acabou sendo capa do cartaz do filme ao lado do protagonista e sua foto roda o Mundo até hoje. A sorte é cavalo sem sela nem arreios...

Se eu pudesse o ano de 1976 seria esquecido... convocado tardiamente para servir o Exército -- provavelmente por minha excelente atuação no teste psicotécnico, assunto de minha predileção -- no quartel só fiz besteiras. Ainda recruta denunciei um tenente R2 por maus tratos. O oficial foi punido e eu ganhei um inimigo feroz.

Especializou-se em me escalar para tirar serviço de guarda (os plantões) e em me flagrar dormindo na guarita do Paiol de Munições. no meio do mato, longe de tudo. Me acordava de madrugada, pistola e lanterna na minha cara assustada e me levava preso. No Boletim da tarde, a extensão da punição... que ía dobrando a cada novo deslize: 1, 2, 4, 8, 12 e por fim 23 dias. E lá se foi um ano inteiro!

Faltavam 2 dias para se dar baixa, a ansiedade tomando conta de todos os soldados rasos. Fui chamado ao gabinete do comandante, 3 ou 4 oficiais ao lado da mesa dele. Olhando firme para mim, perguntou de chofre:

-- "Soldado, você tem dois nomes"?!

O sangue gelou nas veias, as células desmaiaram. Vinte longos segundos depois eu responderia com um fio de voz:

-- "Não, senhor... porquê"?!

Explicou que minha camiseta trazia "dois nomes", o nome tinha uma "sombra". Na hora da serigrafia eu tinha tirado o molde do lugar alguns milimetros e a segunda demão de tinta "duplicou" o nome. Mal sabiam todos ali que eu tinha realmente 2 nomes... fôra registrado por meu pai assim que nasci e, adiante, sem saber do fato por minha mãe, quando ela precisou nos colocar na creche paroquial de Copacabana, gratuita e para pobres naquela época.

Mas a reunião tinha um propósito macabro: me excluir do Exército dia e meio antes da baixa geral, lição cruel para um recruta "rebarbado", "aloprado", que discutia ordens, protestava, recusava serviços. Quase ninguém ignorava que eu vestia roupas de civil por baixo da farda e tirava esta assim que cruzava os portões do quartel, na rua mesmo, em bares e até dentro dos ônibus. Repetia ação inversa nas poucas vezes em que fui para o Batalhão, pois passei detido a maior parte do tempo de serviço militar.

É de se presumir que eu e os demais jovens tenhamos aprendido algo no Exército... bem, se esse país não fosse uma "democracia cubana" eu poderia contar o quão ridículo e desnecessário foi esse tempo de treinamento militar, há 35 anos atrás, Só aprendi mesmo a tomar banho em menos de 2 minutos... demos 3 tiros de espingarda velha em 8 ou 10 meses de instrução e os treinos de combate eram os mesmos da I Guerra Mundial (1917), inclusive os aparelhos (e métodos) de comunicação eram semelhantes. E não estou exagerando nem um pouco!

1977 ou 78 guarda um momento bastante curioso em minha vida. Num desses empregos "freelancer" que me arrumavam, acabei como microfilmador numa antiga Cia de Engenharia que participara da fundação de Brasilia. Nosso serviço era filmar os documentos todos da empresa e arquivar os rolos de microfilme, inutilizando os papéis registrados.

Com 19 ou 15 dias na Construtora, após o almoço no refeitório, lavei a marmita na pia, enchi as mãos em concha com água, bochechei (por falta de escova de dente) e cuspi na cuba. Foi um escândalo! Uma velhinha que vivia fazendo crochê na cozinha -- a Construtora não tinha dinheiro para indenizá-la -- fez um escarcéu danado, exigiu na Diretoria minha saída. Como meu contrato era temporário e não convinha desagradar a vovó, fui demitido. Fechava aquela semana de microfilmagem e ía "cantar noutra freguesia".

(Lauren)DINO, meu parceiro de trabalho, quiz me compensar da injustiça; planejou roubar um sistema de som 3x1 com duas robustas caixas (com woofers de 10 polegadas) que ficavam trancados na sala ao lado. O risco era enorme... passar de uma janela a outra por um estreito enfeite de concreto antigo, 15 andares acima do solo. No sábado, com os edifícios próximos todos vazios, concretizamos o plano todo, usando o sistema de pêndulo para transpor os objetos. Vendemos naquele mesmo dia mais de mil quilos de papel, com o som 3x1 dele e as minhas belas caixas escondidas debaixo dos sacos.

Um dia o favelado que não tinha onde cair morto resolveu fazer um show de rock, com palco móvel (que surgia do subsolo), fogos, muitas bandas e popstars internacionais, oriundos do blues e da country music americana. Contínuo do Banco Francês e Brasileiro, no centro do Rio -- depois Banco Cidade de SP, depois, banco "não-sei-o-quê" e, em seguida, encampado ou extinto -- eu passava boa parte do tempo no telefone contactando grupos de rock desconhecidos e, após o esxpediente, usava material do Banco para escrever inúmeras cartas para fábricas de equipamento de som, de intrumentos musicais, empresas de propaganda (marketing) e até de alimentos.

Nos fins de semana visitava bandas e músicos, assistia seus ensaios e mantinha todos interessados no futuro projeto "ROCK'N ROLL SHOW". O ano de 1979 foi embora mas continuei promovendo a idéia durante 1980, agora trabalhando como vendedor de anúncios de um jornalzinho chamado BALCÃO. Usava o espaço do jornal (os anúncios pessoais eram gratuitos!) para convocar mais músicos e novas bandas... até que a RIOTUR, que aprovara inicialmente a idéia do show, me enviou em junho ou julho/80 um lacônico oficio lamentando "não estar mais interessada em realizar meu evento".

Sem cara nem coragem para enfrentar dezenas de músicos, entre outras pessoas -- um verdadeiro "kingkong"! -- silenciei. Juntei ao projeto falido nomes e telefones das bandas e cantores mais expressivos, inclusive um certo "Barão Vermelho" e levei a papelada toda para a casa (no Jardim de Allah) de um tal Roberto Medina, que enchera o Maracanã de fãs do Frank Sinatra.

A Copa do Mundo de 1982 chegou, os fanáticos por futebol desconfiados de uma Seleção que só dera desgostos, entre 1974 e 78. Sem TV nem rádio no barraco, eu ía para a casa da família Leite Guerra, luz nos meus dias mais negros, onde passava os fins-de-semana e até dormia, vez ou outra. Irritado com a covardia e a falta de tática da Seleção Canarinho eu não perdia ocasião para criticar nossos jogadores.

Gol do time adversário... fui para a cozinha tomar água, esbravejando contra todos. Voltei de lá com a TV passando outro gol. Comentei aos berros: "eu não disse, bando de incompetentes, de mercenários"! Meia sala protestou, me recriminando:

-- "Cala a boca, General, isso é a repetição do gol"!

A TV inaugurara o "replay" e ninguém me informara sobre isso.

E chegamos ao Pará... do tucupi, do açai, do tacacá. Passei o Natal de 1983 quebrando azulejos na cozinha do irmão rico e o Ano Novo de 1984 no meio de um matagal, debaixo de uma barraca de lona, num sítio que o irmão comprara no interior, cercado de serpentes por todos os lados. Matamos 32 cobras diversas em menos de 3 meses, todas ao redor da futura casa de campo.

O tal sítio só nos deu dor de cabeça -- meu irmão gêmeo Renato e nossa mãe viriam em março/84 -- mas aprendemos um bocado e "matávamos o tempo" promovendo torneios de futebol no lugarejo. Em 1985 convenci o Prefeito a nos apoiar e os torneios saíram do modesto vilarejo sem luz elétrica nem coisa alguma para a bela e tricentenária cidade próxima.

Com os campos de "pelada" eternamente à sua disposição, os marmanjos ficaram sem hora nem espaço para suas disputas. Meus torneios ocupavam os campos vagos nos fins de semana, com o apoio oficial da PMV. Um dia, reunidos num razoável bando, resolveram impedir o torneio, cortando com faca as redes que eu tomara emprestado e assustando a garotada. Levei o caso à delegacia... acharam graça, ninguém se mexeu. Puz carta irada nos jornais da capital e voltei confiante (e arrogante) a DP dias depois, "crente que estava abafando", como diria o populacho vil.

O delegado revoltado me botou contra a parede, disse-me um bocado de desaforos e me poz prá correr do prédio, sem nem devolver as redes.

Delegacias se tornariam nosso calvário nesses 26 anos de Pará e quem acredita em justiça (e na Justiça!) que fique bem longe desta região. É só o que posso dizer... e já é muito!

E por falar em Justiça... depois de mais de 2 anos de problemas e querelas com nosso confinante (o terreno vizinho ao seu, no jargão técnico) resolvi levar o caso ao Tribunal da cidadezinha próxima, com a juíza vindo da capital apenas um dia por semana, isso em 1986, O vizinho da direita vivia plantando em nossas terras, além de incentivar amigos a retirar madeira de nossa propriedade.

Tentamos reavivar os limites -- chamados de "picos" -- mas espertamente êle espalhou pés de café ("filhotes") no pico recém-feito por nós e na "cabeça" do terreno (com 3 km de extensão) espalhou caules de "maniwa" (mandioca brava, própria apenas para fazer farinha) no final da linha demarcatória. No dia da audiência cheguei cedo â Câmara, meu advogado era vereador (JB) e poeta de algum conceito na cidade.

De repente avisto meu confinante, que joga-se nos braços do causídico, num longo amplexo cheio de tapinhas e sorrisos. Interroguei irado meu defensor e, estupefato, ouvi dele a explicação lógica: "o querelante era seu genro, êle casara com uma das muitas filhas do sujeito". Deixei o cara falando sozinho e nem compareci a tal audiência. Pouco tempo depois largaríamos tudo às pressas, ameaçados que fomos com enormes fações pelo "kaiapó" e um parente do mesmo.

Nessa época (1865) pedi apoio ao pároco local a fim de conseguir mais material para incrementar meus torneios de futebol infantil, mais uniformes para os times mirins e bolas de couro. Com um belo ofício de papel timbrado da Paróquia, assinado pelo padre Eugênio Czas, lá fui eu para a capital, na Ação Social da 1ª Dama do Estado, que distribuía montes de brinquedos, entre mil outras coisas.

O "buraco era mais embaixo", nosso prefeito era de outro Partido, para a cidade não ía nem iôdo ou gaze, quanto mais brinquedos. Saí do prédio sem uma camiseta velha... pouco tempo depois o administrador municipal mudou para o "partidão" do governador, a cidade encheu-se de obras e dinheiro e o ex-prefeito acabou... deputado estadual. Assim se faz "política" no Pará (e no Brasil)... passados quase 30 anos nada mudou. Nada mesmo, que ninguém se iluda!

Partimos do interior para Belém em agosto/1986 e logo iniciamos contato com artisitas, músicos, grupos de Capoeira, etc. Arrumei um "bico" como agenciador de anúncios de um jornalzinho do bairro Cidade Nova IV, chamado O POPULAR. Tempos de eleição, consegui vender uma página inteira (vezes 1500 exemplares) com foto do busto de um conhecido deputado estadual, sr. Mário Martins. Trabalhando por comissão, eu poderia descansar por um mês, graças ao valor a ser recebido.

O dono do jornal decidiu que a quantia a me ser paga era muito alta, para um iniciante não se poderia pagar tanto dinheiro. Me coube menos de um terço do que eu tinha direito e fiquei no jornal até meados de 1988. O sujeito precisava de um desenhista... apresentei-lhe o melhor da cidade, de nome BENÉ, hoje mundialmente conhecido como Joe Bennett. Outro "mico": Nilson Brasil detestou o trabalho do jovem quadrinista... queria apenas desenhos primários, sem sombra, perspectiva, detalhes. Bené não ficou nem 2 semanas e o jornal "sumiu" pouco tempo depois.

Seu dono "armou" um superbingo com grandes prêmios (TV em cores, uma motocicleta, casa popular, etc), vendeu centenas de cartelas... e desapareceu, junto com seu Jornal.

O Estado adora "picaretas", patifes, espertalhões de todo tipo, que levam vida mansa e têm até admiradores e seguidores... só vendo para crer!

"NATO" AZEVEDO

OBS.: acompanhem a continuação desse artigo em...

OS "MICOS QUE VIVI -- parte 2