Cidadão do mundo

Céu nublado, cinzento, ameaçando desabar aquele dilúvio. Mas deparo-me com um escaldante sol. Estou no lugar errado, ou o clima não se adequou a mim? Não sou egocêntrico, fico com a primeira opção, mas a segunda se encaixaria perfeitamente. Não sou daqui. Ou melhor, não sou apenas daqui.

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Cosmopolita. O acaso é meu melhor amigo, meu companheiro. Faço questão de carregar o medo junto a mim, pois seu efeito é reverso justamente quando preciso. Pronto, já fiz minha mala. Mas não deveria! Não estou saindo em viagem, e sim passeando por meu terreno.

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Não tenho passaporte, meu destino é uno: O todo. Minha nacionalidade é universal, o hino eu mesmo componho, e a bandeira que exponho com orgulho é a bandeira branca. Meu país é azul em sua grande maioria. Azul da cor da harmonia. Sou patriota pra caramba, morro de orgulho.

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Nesse país, as coisas são um pouco diferentes do considerado convencional. Não torço pra nenhum time de futebol, sou ateu. Odeio política, prefiro ar fresco. E não pense que sigo uma daquelas ideologias estereotipadas, ou que eu seja algum tipo de revolucionário, nada disso. Minha ideologia é instintiva, e você conhece, mas, ás vezes, não reconhece.

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Minha casa é revestida do mais alto luxo. O teto é adornado por estrelas e nuvens, e é na parede que o sol nasce e adormece diariamente. Mas sou preocupado demais com a decoração, às vezes o sol nasce por detrás das montanhas, às vezes emerge do oceano, e banha-se merecidamente em sua despedida. Sinceramente, essa é a minha tonalidade preferida

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Uma de minhas maiores bençãos é ser dotado do poder de voar. Voar sem pensar em limites, sem pensar em destino, sem pensar em futuro. Vôo pra onde meu sexto sentido me obriga. É, me obriga, e adoro ser subordinado a ele. Vôo porque sou curioso, porque sou inquieto, porque sacia meus anseios. Mas vôo mesmo, simplesmente por voar, pelo prazer que me causa. Vôo porque já estive engaiolado.

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Por vezes, sou questionado acerca do "amanhã", e não consigo entender o motivo. Porque encarar com temor? Afirmo enfaticamente: Do amanhã não tenho medo. Nunca tive. Não passa de invenção barata! A esse questionamento, gosto de responder que vivo o meu eterno "hoje". Deixo o amanhã pra mais tarde...

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"Cidadão do mundo". Fui rotulado, injustamente. Genérico demais diante de tantas especificidades. "Mundo" é muito "tudo", consequentemente, muito pouco. Não é cabível.

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Venha comigo, mas não se assuste caso tenha a impressão de que algo lhe é familiar. Isso não é um déjà vu, você apenas retornou. Seja bem-vindo novamente.

lealbrunno.blogspot.com