PACTO COM O MONSTRO SIST

Dois irmãos gêmeos ainda jovens estavam conversando sobre vários assuntos, eis que veio na idéia de um a palavra pacto. Na conversa entre si, cada um dava a sua opinião sobre esse assunto, apesar de que pouco sabiam a respeito, mas enfim, já tinham ouvido falar que muitas pessoas do meio artístico enveredam por esse caminho e acabam tendo um fim trágico.

No bairro tinha uma pessoa que fez um pacto com Deus. Disse um deles. É verdade, fulano de tal, de um dia para outro, teve uma mudança brusca em sua vida. A gente o via sempre bem vestido, de terno, barbeado, sapato tipo bico fino brilhando, e duma hora pra outra andava pelas ruas do Ipiranga carregando um saco de estopa por entre os ombros. Pois é, assim comentam algumas pessoas. Ele fez pacto com Deus.

Como o assunto é palpitante, eles se reuniram com mais outras pessoas e passaram a trocar idéias sobre o tema abordado. Nesse ínterim, um deles comentou que tinha lido um livro sobre o que acontece com pessoas que fazem pacto com a entidade do bem ou do mal. Citou um fato bíblico em que Deus solicitou a uma pessoa que oferecesse seu filho como prova de crença, no caso sacrificaria seu filho em nome de Deus. Negativo, essa história bíblica nada tem a ver com pacto.

Dentre outros, citou também que num país da Europa, tempos medievais, um cidadão fez pacto com o monstro Sist, com finalidade de fama e dinheiro. O cidadão tinha uma aparência um tanto esquisita, se achava feio, fora dos padrões convencionais de beleza, mas tinha na cabeça os seus ideais, era bem instruído culturalmente, queria ser famoso e ter muito dinheiro.

O rei da província acabou sabendo de suas idéias e lhe ofereceu o cargo de burgo-mestre. Ele, de imediato, aceitou tal proposta, e logo pensou: é a minha chance de ficar famoso e conseguir muito dinheiro.

Primeiro passo foi fazer um pacto com o monstro Sist, com isso se sentia blindado, nada que fizesse de errado seria descoberto, e durante muitos anos passou por cima de antigas tradições do povo que governava. Usava as pessoas a bel prazer até quando elas seriam necessárias para seu plano, depois descartava, enfim, deixavam-lhe de ser útil.

O povo comentava sobre a maneira como o burgo-mestre agia, mas nada podia fazer, até diziam, todo povo tem o burgo-mestre, aliás, tem o governo que merece.

Numa população mal informada, sem conhecimentos das leis que regem uma sociedade, "leis ora as leis" com certeza vão ter pessoas que, pelo tino "sentido da natureza humana", percebem que tem alguma coisa errada na história. Isto porque a imagem refletida revela a verdadeira identidade.

E assim foi... Um plebeu pegou um pequeno cartaz semelhante com as características do burgo-mestre, olhou bem e ficou arrepiado. Dizia, que coisa esquisita, não vejo neste quadro a imagem do burgo-mestre, vejo sim algo estarrecedor: "É um lobo na pele de um cordeiro", ou melhor, é pior do que isso. Vejo nesta imagem alguém que fez pacto com o monstro Sist.

Essa informação de que ao ver a imagem do burgo-mestre foi adiante e outras pessoas passaram a ter a mesma idéia. Diziam, quando falamos dele me dá arrepios... Os trovadores e menestréis da época viviam fazendo modinhas alusivas a esse fato tão escrabunhoso. Mas que conversa fiada, você dizer que o burgo-mestre fez pacto com o monstro Sist. Meus amigos, cada um tem a sua opinião sobre o burgo-mestre, essa é a minha opinião, é o que vejo na imagem. Digo-lhes que não sou vidente, cartomante, adivinho ou qualquer coisa parecida, é o que sinto e vejo nele.

O tempo passou, o burgo-mestre se enriqueceu do dia pra noite, se apropriou de tudo que pode. Mas, aí veio a justiça, isto é, a justiça da terra, de certa maneira por conveniências acabou estando do mesmo lado, enfim tinha poder do dinheiro e oferecia rios de dinheiro para "calar a boca", alguns aceitavam, e faziam disso um meio de vida, tipo viver do dinheiro sujo, ambos sabiam que estavam atrelados por motivos fúteis. Veio a justiça da "Lei Divina", e aos poucos foi vindo à tona tudo que o burgo-mestre fez de errado, o pacto agora teria o seu efeito "bumerangue", tudo que fez de errado viria a cair na sua cabeça.

Daí lembrou de que quem fez pacto com Deus passou por privações, mas vivia alegre e contente, mesmo carregando o saco de estopa por entre os ombros, a sua consciência era tranquila, dormia embaixo da ponte, feliz. E até fazia comparações. Com Deus eu vivo feliz, consciência limpa, não tenho pesadelos, não corro nenhum risco, a minha riqueza e a vida em liberdade, mesmo passando necessidades...

Cada um que faça a sua dedução sobre como terminou a pessoa que fez o pacto com o monstro Sist. Neste mês começa o efeito contrário.

Tangerynus
Enviado por Tangerynus em 05/04/2010
Código do texto: T2178006