A história da galinha

Eu passo por situações tão inusitadas que sinto o desejo de colocá-las no papel, para assim eternizar o momento e compartilhar com aqueles que me conhecem ou não, circunstâncias pelas quais eu passo.

Pois bem, dessa vez vou contar a história da galinha.

Pode ser que você esteja “me lendo” pela primeira vez e não saiba que eu sou advogada, deste modo cabe uma singela apresentação.

Advogo desde o final de 2006 e já passei por inúmeras situações. Essa é uma das que não me esquecerei e mais a frente vocês entenderão o porque.

Faço parte do Convênio firmado entre a assistência e a OAB, ou seja, sou “cadastrada” e atuo em favor daqueles que não tem condições de arcar com os honorários de um advogado. Eis que em uma das várias nomeações que recebi, surge um senhor, muito simpático por sinal e falante como eu (já ficamos conversando por cerca de 2 horas).

Nessas conversas ele me relatou que possuía um pedacinho de terra, que ali plantava e criava galinhas (ele não disse, mas imagino que deva ser para consumo próprio). Como minha língua não cabe dentro da boca, acabei falando que minha mãe (e eu, é claro) adorávamos galinha caipira e que quando ele tivesse ovos caipiras, que me avisasse para que eu pudesse comprar “umas” dúzias dele.

Até aí tudo bem ...

Eis que um dia eu fiquei de entregar a cópia do protocolo do processo e combinei com ele de me encontrar no 1º Cartório de Notas, aqui de Americana. Nesse dia eu estaria fazendo uma separação. Incrível, pois choveu tanto, mas tanto ...e é claro que ele não foi. Mas Deus sabe o que faz ...e como sabe!!!

Liguei pra ele depois de alguns dias pra combinarmos nosso encontro lá na OAB. Nesse dia não estava chovendo e Deus, novamente, estava do meu lado. Ele chegou e começou a puxar conversa. E me disse: Sabe Dra., aquele dia eu ia levar um presente pra senhora, mas o presente adoeceu.

Hummmm ...o presente adoeceu. Nisso minha cabeça já estava a mil, pensando no tipo de presente que poderia adoecer. Não demora muito e ele me conta que a “galinha” escapou e se machucou e ele não pode levá-la (nem no dia da chuva e nem nesse dia).

Detalhe: vocês não fazem idéia do pavor que eu tenho de galinha. Comecei a suar frio, o estômago deu um grito, pois eu já imaginava a cena: ele chegando no cartório, com a galinha “viva” , cacarejando e aprontando o maior escândalo. No mínimo eu ficaria conhecida como a advogada da galinha.

Esses dias ele esteve em meu escritório e insistiu na história da galinha ...que não pode pra trazer pois estava vindo de outro lugar (ele trabalha com reciclado). Respirei fundo, tomei coragem e tive que falar: Não quero que o senhor se chateie com o que vou lhe dizer, mas eu tenho PAVOR de galinha. O senhor não faz idéia do calafrio que me deu quando disse que queria me dar uma galinha de presente. Ele caiu na risada, é lógico. Onde já se viu Dra. Ter medo de galinha. A bichinha não faz nada.

Não faz ???? Ahhhh faz simmmm ...ela que fique bem longe de mim, ou melhor ...na panela.

Ainda estou aguardando o meu presente, mas pedi que ele levasse diretamente pra minha casa (minha mãe tem sangue frio ..é assassina de galinhas).

Quando eu conto isso, é claro que meus amigos se divertem. Olha só o que inventam de me dar: uma galinha (viva) pra quem morre de medo de galinha. Com certeza não me esquecei desse senhor, até porque ele me ajudou muito mais do que eu o ajudei.