Quando a vida morre

Esses dias estive pensando na morte, e o que acontecerá depois dela, digo nesse plano, e não em algo além disso, como vida espiritual.

Quando há aqueles velhos encontros de família por exemplo. O que acontecerá quando o “membro principal” seja ele qual for, pai, mãe, avô ou avó morrer? Penso até que dia a alegria dos encontros acontecerão e se ele permanecerá após a morte de alguém importante na família. Digo família porque sei que é o único lugar que podemos encontrar sentimento sincero e no mínimo respeito.

Sempre há aquele que guia, que descontrai, que une aquele “bando” de gente para tirar a fotografia da vez, onde todos se espremem para sair. E quando olho para uma dessas fotos vejo que ela continua do mesmo jeito, há alguns fios de cabelos a menos, mas os membros são os mesmos. Talvez pense nisso por nunca ter perdido ninguém, e não saber como é a dor da perda. Causa-me medo de pensar que um dia isso pode acabar com minha alegria e por não saber se terei momentos felizes de novo.

Quase ninguém gosta de falar sobre a morte, é um assunto pesado e obscuro, talvez por não saberem o que vamos encontrar do outro lado. E por falar nela, tenho uma visão um tanto racional. Acho que quando alguém morre, é porque sua missão já foi cumprida, afinal, para cada um de nós termos uma vida, algum significado deve ter, e um deles, acredito ser a missão individual. Parece frio, mas prefiro pensar assim.

Gostaria que fosse diferente, seria melhor se a morte não existisse, acho que está tudo errado. Deveríamos viver para sempre e a morte ser uma opção. Você quer? Então morra. Chega a ser engraçado, mas deveríamos viver até uma certa idade e a partir daí parar no tempo. Nada de vivermos até os 80 anos, ficarmos sem disposição esperando que morte chegue e nos leve. Ou deveríamos viver 200 anos, para assim aproveitar bem a vida, desfrutá-la como ela merece ser vivida.

O que ainda deixa-me mais duvidosa são as crianças. Por que bebês morrem? Crianças morrem sem ao menos ter noção do que é a morte e a vida. Ainda não achei resposta para isso, mais que o ciclo da vida, de tudo que a envolve, desde natureza, animais e o mar há muito mais mistérios e coisas sem respostas do que imaginamos.

Quando olho para trás e observo o que eu já fiz na minha vida, eu gostaria de pedir para nascer de novo e assim repensar se estou sabendo viver, se poderia ter feito mais coisas, aproveitado mais, conhecido mais pessoas, reclamado menos e desfrutando mais da minha infância. Faria tudo em excesso. Se há alguma regra para a vida, eu quebro a morte, porque não queria ter nascido para saber que um dia vou morrer, quero poder herdar a vida eterna para não mais conviver com esse fim.

Talita Palmieri
Enviado por Talita Palmieri em 16/08/2006
Código do texto: T218043
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