Cientificismo irracional

O homem nasceu errando. Dizem que nascemos já com um pecado, original de fábrica. Vamos lá, nos livramos do defeitinho que nos acompanha no nascimento, passamos a vida inteira errando e tentando nos livrar de erros. Mas os erros acompanham os homens desde que eles foram concebidos pela Terra. Ou melhor, desde que lhe foram concebida a consciência.

A partir daí, foi uma série de grandes erros. Melhor ainda: apenas um erro: negar-se perante o animal que é. Quando o primeiro macaco percebeu que era consciente, resolveu achar que não era mais macaco. Engano. Este primeiro macaquinho consciente foi o ser mais inconsciente que esse planetinha azul já viu.

O macaco, agora homem, decidiu negar seus instintos. Resolveu que agora não era mais animal. E vem negando até hoje.

Nega seu instinto de não saber tudo, por isso cria deuses. Nega o instinto de usar a força para colocar em prática suas verdades, então vemos guerras por causas destes deuses sendo condenadas. A injustiça aflora. Nega que tenha ódio, rancor, indiferença e só vê beleza no amor.

Nunca assume suas necessidades a si mesmo. Sente-se mal em sentir o que a unanimidade acha errado. A unanimidade é burra. Nunca diz a verdade a si mesmo, tem medo. E acha também que o medo é algo ruim. O medo é inibidor e mais lindo que o amor; pelo menos mais essencial.

Os homens conseguem negar até seus valores, fingir que eles não existam e insistem em utilizar o padrão gasto e mal-acabado.

Abdicai-vos de seus instintos! Assumi que vossos valores existam e moldai-vos segundo a sociedade dos macacos inconseqüentes super-desenvolvidos. Eu abdiquei e posso dizer que sou homem, eu descobri. Cada descoberta o torna mais homem, mais animal. Aceitar e abdicar.

melão
Enviado por melão em 16/08/2006
Reeditado em 18/08/2006
Código do texto: T218172