Sexo colorido

Era bem mais oral do que outra coisa o sexo na nossa adolescência, isto é, falávamos muito, a maior parte fanfarronices, e fazíamos pouco ou nada. Por que não havia as pulseirinhas de sexo naquela época? Seria tão mais fácil e menos constrangedor. Pensando bem, se houvesse, seria apenas a amarela (um abraço) e, mesmo assim, com restrições.

Falando sério: o que há por trás das tais pulseiras? Há excesso e há falta. Excesso de permissividade inconsequente, de “adultice” totalmente fora de época, de leviandade, de valorização da aparência acima de qualquer outra coisa, de “risos compreensivos” e falta de valores, de propósito, de respeito para com o ser humano, de, às vezes, um pouco mais de pano nas roupas das adolescentes, de atenção dos pais para o que os filhos pensam, acreditam e fazem.

Não apenas os pais precisam dar mais atenção – e há os que o fazem -, mas todos os educadores, de um modo geral, e vemos escolas tomando providências várias e proibindo o uso das pulseirinhas no ambiente escolar. No fundo, no fundo, é ridículo que as direções das escolas e os professores o façam, pois a responsabilidade é dos pais, mas, ainda bem que o bom senso sobra em escolas quando falta em casa. Nesses tempos de super proteção de alunos mal educados, é milagre que nenhum pai tenha processado a Secretaria de Educação ou o MEC devido à proibição. Ou já aconteceu? Tramita na Assembleia Legislativa de SC projeto proibindo a comercialização das pulseiras no Estado. A que ponto chegamos: o “Grande Irmão” tomando o lugar dos pais para proteger as crianças e a gente torcendo para que consiga!

Na mesma Internet que disseminou o modismo (você acompanha o que seu filho faz na Internet?), abundam declarações de que quem as usa o faz porque acha bonito, sem qualquer conotação sexual. Bobagem: já está institucionalizado, não há como tirar delas seu conteúdo. As crianças e jovens que as usam estão enviando mensagens nitidamente sexuais. Onde anda a bela e necessária inocência infantil e juvenil? Perdeu-se com as brincadeiras nada inocentes e perigosas. Foi nocauteada pelos atos sexuais precoces e sem sentimento. Foi enterrada pelos estupros que, mais do que expostos nas páginas policiais, são embalados pela insensatez dos modismos baratos.