CEGA LOUCURA

Olá.

Ninguém me respondeu.

Eu disse olá.

Todo mundo mudo.

Mas o que aconteceu?

Sem resposta.

Porque não me respondem?

Não falavam.

Porque estão todos reunidos na sala?

Não me disseram nada.

Mas o que houve, morreu alguém?

Calados.

Porque não me chamaram para me reunir a voces?

Só me olhavam.

Vi que cochichavam entre si.

Me olhavam diferente.

Mas o que foi afinal?

Silêncio total.

Voces só podem estar brincando comigo.

E nada de palavras.

Mas que diabo, voces estão loucos?

Me olharam surpresos.

Mas que droga!

Voces estão loucos, loucos, loucos...

Miseráveis, petulantes, arrogantes.

Loucos, Loucos, Loucos...

Comecei a jogar as coisas longe.

Estava com raiva.

Larga meu braço.

E tu larga o meu outro braço.

Ouço sirenes.

Entram dois enfermeiros.

Me colocaram a camisa de força.

Eu esperneava.

Eu gritava.

Me larguem.

Sou uma mulher de respeito.

Não acreditem neles.

Estão todos loucos.

Me amarraram.

E quando estavam me levando.

Vi o olhar de piedade de todos.

E o choro de alguns.

Foi quando me dei conta que a louca era eu...

Maysa Barbedo
Enviado por Maysa Barbedo em 17/08/2006
Reeditado em 17/08/2006
Código do texto: T218386
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.