vocês sentem isso também?

Tenho um bloquinho da capa azul. É onde anoto muito daquilo que de melhor encontro escrito por aí. Geralmente nos livros. São frases, passagens, diálogos, até parágrafos inteiros. O que já li de melhor está lá. Dia desses, enfiei o bloquinho na mochila, para ir folheando enquanto o trem das 11 (da manhã) me levava a Porto Alegre, como faz diariamente. Grata ideia.

Vi que uma passagem do escritor russo Ivan Turguêniev - no bloquinho já há alguns anos - reflete bem um sentimento que tenho às vezes. Sentimento que, por não conseguir racionalizar, sempre me inquietou. E o que mais buscamos lendo bons pensadores é isso, conceitos que elucidem sentimentos que já temos, mas não dominamos, e eles vão lá e põem no papel.

Neste dia, relendo muitas boas passagens, principalmente da literatura, pude lembrar que o escritor russo, no livro Pais e Filhos, já havia conseguido domar este estranho sentimento. Por isso, vou passar a bola para o Turguêniev. Depois, nos comentários, podemos discutir. Segue:

“O lugar insignificante que ocupo é tão minúsculo em comparação com o resto do espaço em que não estou e onde ninguém se importa comigo! A parcela do tempo onde hei de viver é tão ridícula em face da eternidade, onde nunca estive e nem estarei... Neste átomo, neste ponto matemático, o sangue circula, o cérebro trabalha e quer alguma coisa...que estupidez! Que inutilidade!”

Turguêniev – Pais e Filhos

Às vezes, vocês não sentem isso também?

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 09/04/2010
Código do texto: T2186486