Ocupado!

Ocupado!

Todo mundo ocupado demais pra registrar na memória o brilho intenso do trio de estrelas mais lindo do céu. E eu ali, forçando pra encontrar na memória o porquê de ter transformado meu dia em apenas mais um dia que vai se findar com a noite e assim dezenas, talvez milhares de vezes durante toda a minha vida.

Justamente quando o mundo lá fora grita por socorro, me apego ainda mais ao meu casulo e me finjo de morta. Como o cãozinho que sente saudades do dono que quase não para em casa e no final de uns chamegos vai voltar a ser apenas o cãozinho que vive sacudindo os pelos ao correr atrás de um inimigo cruel: o gato. É... o gato! Já tive tantos e tantos “gatos” em minha vida que se começasse a lhe conferir nomes... coitada de mim (ou deles).

Hora ou outra resolvo pegar o telefone e digo: Vou ligar, agora!

Tuuu... Tuuu... Tuuu...

Deu ocupado de novo, e eu acabo acomodando meus medos num cantinho da cama. Afinal, ta todo mundo tão ocupado.

Hoje mesmo, estive pensando como é interessante estar num mesmo ambiente com pessoas de um círculo de amizades, fazendo as mesmas coisas que elas e observar que cada uma está ocupada de uma maneira diferente. Na realidade ninguém tem mais tempo a perder. Cada um que cuide dos seus próprios passos. (Talvez meus pais não tivessem nada a fazer quando eu nasci. Eles devem ter tido a eternidade pra me ver crescer).

Não! Definitivamente não é isso que aconteceu!

Volto a me perguntar: Porque as pessoas tendem a não aceitar que às vezes é preciso trancar a respiração pra analisar a “qualidade” do ar?

Eu mesma costumo reclamar muito da falta de tempo, reclamar das incoerências de um dia intenso e desgastante.

Será que já chegou a hora de olhar pro céu de novo?

É... Quem sabe quando meus netos tiverem vinte anos, eles tenham um tempinho pra parar e ouvir as histórias de uma avó que deixou de viver pra fazer de conta que o importante realmente era só existir.

Patti Garcia
Enviado por Patti Garcia em 11/04/2010
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