Bolsa feminina

Hoje vou falar da bolsa feminina.

Quem nunca notou o tamanho de certas bolsas femininas?

Na rua, as seguram com força e determinação, protegendo-as contra o corpo. Ou protegendo-as com o corpo.

Outro dia eu estava na rua, quando deparei com uma mulher moreninha, baixinha, tipo 1,55 m de altura, bem bonita, por sinal. Ela carregava aos ombros, uma bolsa gigantesca, quadradora, medindo algo como 40x60. E parece que estava abarrotada de coisas. E o pior: ela tinha uma expressão feliz, superior, como que conduzindo um troféu. Há, como eu gostaria de saber o conteúdo daquele “guarda-roupas”. Alguém sabe como se escreve guarda-roupas na nova ortografia?

Fico pensando: Se fizer um inventário do conteúdo de uma dessas bolsas, quantos itens serão relacionados? E quais a sua utilidade? Quantas coisas consideradas perdidas serão encontradas?

Um dia desses, eu estava em um supermercado, na fila do caixa. Na minha frente, tinha uma senhora elegante, de uns 50 anos aproximadamente, com uma bolsa invejável. E ela a segurava como se fosse a sua própria vida. Penso que ela vive sentindo dores musculares. Ou não, já deve ter se acostumado. Na hora de ela pagar pelas suas compras é que veio a complicação. Elam procurou algo na bolsa, que obviamente demorou muito para encontrar.

A tirou do ombro direito, apoiou-a no balcão do caixa e começou a procurar algo. E era uma busca frenética, eu ouvia metais sendo revolvidos. Até que ela encontrou uma carteira. Deu para notar que havia uns 10 cartões de crédito, débito, conta bancária e afins. Então ela sacou um, entregou à paciente moça do caixa, para o pagamento. “Não autorizado, senhora”. Ops. Pega o segundo. Nada! Terceiro, idem. A moça do caixa pareceu divertir-se com aquilo, embora em silêncio e com um sorriso amável. Eu estava com tempo, contemplava aquele quadro surreal. Algumas pessoas atrás de mim começaram a resmungar algo.

Nossa protagonista começou a ficar impaciente e a dizer algo em voz baixa e incompreensível. Até que pela quinta ou sexta tentativa, bingo! A transação foi autorizada. E ela juntou aquela quantidade de cartões, guardando-os cuidadosamente na carteira, e esta de volta ao seu habitat: a bolsa de estimação. Fico pensando: não tenho nada com isso, mas... porque carregar aquela quantidade de cartões, se não tem serventia nenhuma? Não espero resposta, isso não me diz respeito. Como dizia o macaco, eu só queria entender.

Uma de minhas irmãs é campeã de bolsa grande. Acreditem: até sapatos de salto alto ela carrega na bolsa. Toalha, roupas íntimas, perfumes, maquiagem, protetor solar são itens básicos. Se um dia ela ficar sem grana na rua, basta expor seu estoque ali na calçada, vai faturar alto vendendo os gêneros de primeira necessidade feminina, como vendedora ambulante. É usar a criatividade.

Batons... há, o batom. Pelo menos uns dez são conduzidos ali. Pior é quando ela encasqueta que quer um determinado e começa a procura desenfreada, só parando no décimo, o eleito para uso naquele momento. Sem contar os que soltam a tampa e começa pinta tudo que está próximo.

Aqui em Goiânia, no transporte coletivo não tem cobradores. O passageiro compra o tíquete antes do embarque e após embarcar, o insere no leitor no interior do ônibus, que então libera a catraca. Se não tiver saldo ele é recusado, a exemplo do cartão de crédito. Pois bem: certa feita eu embarquei, passei e logo atrás de mim tinha uma senhora com uma dessas bolsas que mais parecia mala de viagem. E ela começou a procurar o bilhete no interior de sua mala. Depois de um tempo encontrou vários. Tenho certeza que vi o seu ar de felicidade. Então começou a nova etapa da sua penitência. Os passes já tinham sido usados, não tinham mais créditos. Então ela testava um, dois, três, quatro... todos vazios, e então soava um apito escandaloso avisando que aqueles passes não tinham mais créditos. Lá pelas tantas ela encontrou um com o esperado saldo e então passou a catraca. E pasmem: ela juntou tudo e guardou de volta na bolsa! E pensar que ali de frente, a poucos centímetros existia uma lixeira para depositar os passes usados. Realmente não entendi nada. E com isso uns tantos passageiros impacientes já estavam se revoltando atrás dela, querendo passar.

São exemplos do dia a dia, que se enumerar, a lista é imensa.

Nos shoppings, elas andam elegantes, lindas, como se estivessem em uma passarela. E com suas bolsas descomunais e inexplicáveis combinando com suas roupas e calçados, formando um conjunto maravilhoso. (Será que reside aqui a finalidade delas? Faz sentido.)

Um dia desses me pus a comparar, tentando encontrar uma justificativa para eu usar uma bolsa grande. Mas... O que carrego: RG, CPF, 1 cartão bancário, CNH, documento do carro dobradinho num compartimento, um comprovante de endereço, para eventualidades ou emergências e umas parcas notas de reais. E bota parcas nisso! Solto no bolso: um chaveiro com 3 chaves: 1 do carro(ou lata velha, se preferir), 1 do portão 1 da porta de casa. E só. Não consegui ver necessidade a mais que isso. Há, e jogado em qualquer bolso um celular. Pronto, com isso vou e volto onde for preciso. E que me lembre, nunca precisei mais que isso.

Penso que reside aí uma das poucas vantagens em ser homem. Não que eu não goste, não é isso. O sou com muito gosto e orgulho de meus pais.

E viva as mulheres com suas bolas enormes, elegantes ou não, finas ou rústicas, novas ou surradas. Cuidem bem delas para não vê-las abduzidas no descuido do agito das ruas movimentadas.

E que nós homens, saibamos viver e conviver pacificamente sem conhecer os mistérios da bolsa feminina.

Faria Costa
Enviado por Faria Costa em 13/04/2010
Reeditado em 13/09/2013
Código do texto: T2194262
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