O jeito único de ser da minha avó (Lembranças do quintal da minha avó!)

Minha avó era uma daquelas pessoas cuja conta pra pensar e resolver a vida era muito fácil!

Tudo para ela era simples como dois mais dois resultando em quatro! De espírito e pensamentos simples, uma pessoa honesta e cheia de bom humor e esperança. Minha avó era antes de tudo uma semeadora de alegrias! Sua risada pura e cristalina enchia a varanda, sendo muito comum, alcançar a rua e contagiar os transeuntes.Ela viveu acreditando que o amanhã sempre traria consigo um fato novo seria sempre melhor do que o hoje!

Uma passagem que retrata bem minha avó, seu jeito único de ser e de viver a vida, me foi relatado por Dona Cacilda, durante o velório da sua morte.

Ela dizia: “ __É estranho ver da Dona Luzia morta! A gente se acostumou com sua alegria, vê-la sempre rindo, sempre de bem com a vida! Pra Dona Luzia tudo tinha jeito! Nós vizinhamos tantos anos! A Dona Luzia era uma pessoa que todos nós, da rua, admirávamos! Não tinha quem não gostasse da Dona Luzia! Quantas vezes eu acordava cedo e estava varrendo minha calçada e, a Dona Luzia, terminava de varrer o quintal, vinha varrer, a dela. Ela dava bom dia, atravessava a rua e vinha rindo prosear comigo. Outras vezes, eu era quem atravessava a rua, e ela me esperava rindo para conversar. Uma dessas vezes, eu disse á Dona Luzia que todo mundo admirava ela. Sempre rindo, sempre de bom astral, parecia que pra ela tudo estava sempre bom.

Minha avó respondeu: “___Está mesmo! Cacilda, eu não sei o que é doença, o que é saudade, o que é tristeza!”

Dona Cacilda pediu pra minha avó explicar melhor isto.

“___Doença Cacilda, eu sei e vi nos outros, até ajudei cuidar. Mas eu não sei o que é dor de cabeça, o que é dor de dente, o que é ficar acamada. Nem gripe eu não pego!

Saudade também não sei o que é. Meus filhos e meus netos estão sempre do meu lado. Sempre estão passando por aqui. Quem está longe sempre vem me visitar!

Tristeza é outra coisa que não conheço. Só uma vez quando minha mãe estava velhinha e veio morar comigo, todos os dias eu acordava, fazia um café quentinho e levava na beirada da cama pra ela. Certo dia cheguei ao quarto com a caneca quentinha nas mãos e chamei minha mãe pra tomar café e ela não acordou! Então pensei, minha mãe morreu!

Me deu uma agulhada por dentro, um aperto dentro do peito e um bolo bem grande cresceu na minha garganta! Será que isso é tristeza?”

Dona Cacilda respondeu: “__É sim, Dona Luzia, tristeza daquelas bem grande!”

Minha avó ficou calada e pensativa e lhe disse então: “___Então eu já senti tristeza uma

vez!”

E como sempre, minha avó que tinha uma tirada pra tudo, emendou rindo, como só ela sabia fazer: “___Pois é menina! Foi vontade de Deus. Deus agora certamente a tem em bom lugar!”