Desenho e pintura

Comecei a desenhar desde muito criança; era principalmente copista, reproduzindo retratos dos jornais e revistas; o Dunga me trazia dos Diários Associados, papel de alta qualidade e placas de chumbo contendo matéria do linotipo, com retratos das maiores expressões da época. Como era período de guerra, vinham muitos retratos de generais americanos e ingleses; Patton, Eisenhower, Mac Carthy, além de figuras como Churchill, Roosevelt e outros. Gostava de caricaturar, Hitler e principalmente o Imperador Hiroito. Depois de algum tempo, comecei a fazer tintas para realizar pinturas singelas; lembro-me do grande sucesso de uma marinha que fiz, copiando provavelmente algum quadro. Como não era meu interesse desenvolver essas qualidades artísticas, abstive-me de qualquer estudo e, com o passar dos anos adquiri experiência para pintar ou entalhar, só não o fazendo bem por displicência. Só executava qualquer trabalho, se me desse prazer executá-lo, mas carecia de paciência para fazê-lo, pois, sempre fui imediatista e certos trabalhos requerem paciência com a secagem da tinta; hoje, com as tintas acrílicas o problema deixou de existir, porque têm secagem rápida. De qualquer modo, gosto desse tipo de arte, embora esteja certo de que meu estilo melhor se declara nos trabalhos de entalhes em madeira. Gostava de esculpir figuras de santos e de Cristo, embora minha interpretação do Cristo fosse um pouco diferente da habitual; não é de admirar, pois, atualmente, estudos aprofundados de antropologia e características regionais das populações, mostram um Cristo bem diferente da imagem clássica. Alguns anos depois, passei a entalhar em vidro temperado, usando ponta de diamante; fiz muita coisa bonita, mas na maioria das vezes o trabalho me desagradava. Lembro-me de ter feito em compensado de marfim, uma vista do Leblon, em que só deixei o mar, as areias brancas e no fundo o hotel Leblon, além da belissima montanha. Era minha intenção oferecê-la ao Antonio Callado, por causa de uma crônica em que ele falava do amor que sentia pelo Leblon dos tempos passados, embora não o conhecesse pessoalmente. O meu trabalho foi inspirado numa foto de Willy Köllen, grande fotógrafo alemão, que amava o Rio de Janeiro. O presente teve outro destino; após fazer parte de uma exposição, encantou ao grande pintor E. Arguëlles; sendo assim, fiquei feliz de presenteá-lo. Há um site na internet que tem uma coleção de trabalhos meus. A madeira que mais me agrada entalhar é o cedro;mas trabalho com outras de difícil entalhe; nunca entalhei em jacarandá, pois, é madeira difícil para meu estilo.