Minha, sua, nossa voz

“Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda que palavra por palavra eis aqui uma pessoa se entregando, coração na boca peito aberto vou sangrando são as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando...”

Gonzaguinha cantou/canta lindamente Sangrando, este jeito de viver, de soltar a voz e eu, ao ler e cantarolar esta pérola da MPB, na abertura da OFICINA DA VOZ, hoje refleti que ao longo de minha vida, certamente não me fiz entender em vários momentos e por vários motivos.

Um deles o terror na vida de professores e professoras: a Afonia, perda da voz parcial ou total que põe a nocaute qualquer profissional que usa a voz como ferramenta. Aliás, quando a “rouquidão” vem com o desconforto do resfriado, não há quem não se entregue.

Talvez não seja do conhecimento de todos e todas, mas no dia 16 de abril foi comemorado o DIA NACIONAL DA VOZ e, como parte da programação da semana Global da Educação (19 a 25/04), o SINTEAL- Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação de Alagoas - realizou essa atividade de suma importância para a saúde do profissional da educação.

Logo cedo as queridas educadoras Antonieta Míriam e Lucia Melo fizeram um momento especial contando histórias e cantando, dois exercícios especiais para quem lida com turmas de estudantes de qualquer idade, em especial, da educação infantil e dos anos iniciais.

Em seguida as fonoaudiólogas Cristine Calheiros(SEE-Prevenção e assistencia a/o professora/o) e Conceição Pessoa (CEREST / CESAU) que pesquisam e trabalham na prevenção das questões da voz da função docente fizeram uma excelente palestra esclarecendo dúvidas, orientando procedimentos corretos e informando o tipo de serviço disponível para os profissionais da área.

“Quando eu abrir minha garganta essa força tanta, tudo que você ouvir esteja certa que estarei vivendo Veja o brilho dos meus olhos e o tremor nas minhas mãos e o meu corpo tão suado transbordando toda a raça e emoção...”

Os profissionais que precisam da voz para exercer sua atividade laboral devem estar bem atentos para qualquer sinal que indique alguma alteração na mesma. Muitas doenças podem ser tratáveis, principalmente se diagnosticadas cedo, como os casos de câncer. “Abrir a garganta” tem o seu encanto mas também os seus limites.

“E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso, não se espante, cante que o teu canto é a minha força pra cantar quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda é apenas o meu jeito de viver o que é amar.”

Mesmo que chore, é bom poder soltar a voz saudavelmente, alegremente. Partilho com vocês um texto muito legal com dicas e informações importantes sobre essa ferramenta preciosa que a minha, a sua, a nossa voz.

VOCÊ JÁ SE IMAGINOU SEM VOZ?*

A voz é importante na expressão artística de atores e cantores; como instrumento de trabalho (70% trabalhadores): Vendedores, Recepcionistas, Radialistas, Professores, Operadores de telemarketing, Médicos, etc.

Otorrinolaringologista e o Fonoaudiólogo são os profissionais especializados em cuidar da voz, caso ela apresente algum tipo de alteração, tais como: rouquidão persistente por mais de duas semanas, perda súbita da voz, sem um quadro gripal associado e outros sintomas provenientes do fumo.

A maioria das doenças da voz tem tratamento com medicamentos, fonoterapia ou cirurgia, quando o problema é diagnosticado mais cedo, maiores são as chances de preservação da voz, principalmente em casos de câncer.

São inúmeros os MITOS E CRENDICES em relação aos cuidados com a voz: tomar conhaque para “aquecer” a voz, dar um grito antes de falar em público libera as tensões, pigarrear ajuda na limpeza das cordas vocais, cochichar é bom, pois poupa a voz, chupar pastilhas é bom para a voz.

Os especialistas em cuidar da voz recomendam que não se deve: gritar, cochichar, pigarrear ou tossir à toa, forçar a voz, principalmente quando gripado, fumar, consumir álcool em excesso, praticar exercícios físicos falando, falar em demasia (em ambiente de fumantes, em ambientes barulhentos ou abertos, em período pré-menstrual e após ingerir grandes quantidades de aspirinas, calmantes ou diuréticos).

Assim, para preservar a boa voz, deve-se evitar os alimentos derivados do leite e achocolatados antes do uso intenso da voz, os alimentos que causem azia e má-digestão e os ambientes com muita poeira, mofo e cheiros fortes.

Cuidados que ajudam a preservar a voz: articular bem as palavras, falar pausadamente, descansar a voz (fazer momentos de repouso vocal), ingerir muito líquido em temperatura ambiente (1 a 2 litros/dia), cuidar da saúde geral (sono, alimentação, atividades anti-stress).

*Dicas do Comitê de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia para Pais e Professores