Lembre sempre: use a ducha para limpar a bunda

"Seja feliz em 5 lições", "não ponha seus sonhos onde você não alcança", "não leve a vida a sério", "viva cada dia como se fosse o último", "seja você mesmo", "ame apenas quem te ama", "use uma ducha para limpar a bunda". É muito fácil um pseudo-guru, formado em qualquer faculdade especializada em fabricar diplomas em massa, escrever um livro de auto-ajuda com teses nos impondo vidas pré-estabelecidas. Tentando nos ensinar qual deve ser o modo correto de se viver. Quando na verdade, não existe uma receita universal para que sejamos felizes. É como se eles estivessem nos dizendo: "Bom, você está tentando ter um pouco de felicidade nos seus dias, mas me parece que você não está conseguindo obter resultados positivos. Então eu vou te manipular com minhas rédeas para que você possa ser feliz da minha maneira".

Vivemos em uma cultura que supervaloriza a satisfação pessoal acima de qualquer coisa, não importando quais os meios usados para que cheguemos a ela. Já sofrimento e dor, ou qualquer sentimento minimamente desagradável que seja, não são sentimentos necessários para o nosso crescimento pessoal. Mas sensações das quais nos devemos distanciar sempre, mesmo que precisemos enganar a nós mesmos, fugindo da realidade.

É nesse medo do sofrimento que os livros de auto-ajuda contróem seu império: eles nos dão receitas prontas e fáceis,

que supostamente nos levarão à felicidade eterna. E em tempos fúteis, nada melhor do que podermos ter respostas fúteis por apenas R$30,00 em uma livraria perto de você. Além disso, esses livros nos trazem a sensação de inclusão social: "Pelo menos, eu percebi que muito mais gente possui os mesmos problemas e as mesmas frustações que eu possuo, e isso é muito reconfortante."

Eu não sou, nem quero ser, exemplo de vida pra ninguém. Ou melhor, talvez eu seja sim um exemplo de vida. Talvez eu seja um modelo de tudo aquilo que deve ser execrado. Tudo aquilo que deve ser abominado. Não que eu tenha algum orgulho disso.

Este blog está centralizado em apenas uma coisa: minhas opiniões. E eu não estou aqui pra cuspir fórmulas de felicidade para ninguém. Sempre fui contra os livros de auto-ajuda por este mesmo motivo. Acredito que quem deve decidir sobre como devemos agir, pensar, e falar, é apenas uma pessoa: nós mesmos. Ninguém possui mais potencial para nos orientar do que nossos corações. Este órgão é a bússola com o melhor custo-benefício que se pode encontrar no mercado.

Rodrigo Serrano
Enviado por Rodrigo Serrano em 20/08/2006
Código do texto: T221028