Crônica da minha saudade

Sempre tenho alguma saudade.

Dos amigos que não vejo há anos, e mais ainda dos que não vi esta semana.

Saudade de alguma tarde da minha infância, mas nem sei qual, de tantas que deixaram saudade.

Dos dias em que tudo era futebol, fosse de botão, vídeo game ou “de verdade”.

Saudades dos primeiros traços femininos que me deixaram apaixonado, e dos últimos, que simplesmente me deixaram.

Saudades do tempo em que podia desperdiçar o tempo, sem pensar no tempo como algo a se consumir sem desperdício.

Sou um entusiasta da saudade.

Não vivo sem ela.

Ter saudade é ter certeza de que alguma coisa valeu a pena. Um olhar perdido está autorizado a responder em nome da saudade.

A duração de um abraço diz muito sobre a saudade.

Se tem uma coisa de que sinto falta, é de ter tempo pra sentir saudades, pensar nela e tentar racionalizá-la.

Controlá-la unicamente para o meu bem, enquanto ser saudoso.

Quero um total domínio da saudade.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 23/04/2010
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