O TEMPO

O tempo é o mais sábio dos conselheiros, afirmou com sabedoria Plutarco. Portanto, para quem sabe esperar, o tempo é o melhor remédio. Ele coloca tudo nos seus devidos lugares, e sem nenhuma pressa.

Às vezes demora, tarda em dar razão a quem tem, mas mesmo com vagar ele sempre faz e age com justiça.

Tenho um grande amigo que já faz algum tempo tem se dedicado a aguardar o resultado de uma ação judicial que certamente lhe trará uma boa quantia; em cima dessa expectativa ele tem construído seus sonhos, o alimento de sua alma. A ação se arrasta como todas as ações, em virtude de recursos e outros expedientes usados pelos advogados; isso às vezes o leva ao desânimo e a irritação, beirando ao ataque de nervos. Como conheço bem as artimanhas jurídicas, sempre o aconselho a ter paciência. É questão de tempo. Um dia essa caminhada chegará ao fim.

A nossa vida se transforma não por causa do tempo, mas pelos nossos desejos de mudança, para dar sentido à existência, a continuidade e a coexistência.

O valor do tempo está nas causas que abraçamos, nos projetos que construímos e nas histórias que escrevemos, quotidianamente, com o sangue, o suor, as lágrimas e alegrias da vida. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas que consideramos fabulosas e indispensáveis a nossa vida.

A falta de tempo deve ser uma espécie de doença porque, supondo que a pessoa queira fazer alguma coisa que lhe satisfaça, por mais simples que seja, como tomar um sorvete, ou assistir a um jogo de futebol, o que acontece? Ela quase sempre estraga boa parte do seu prazer pensando, obstinado: "Não tenho tempo de me divertir". O tempo que ela tanto quer, está ali, mas ela não consegue ver. Fala em uma quantidade de coisas que lhe tomam o tempo, agarra-se, taciturna, queixosa, ao trabalho que não lhe dá alegria, que não a diverte, ao qual ninguém a obriga se não ela própria. Mas, se de repente vê que tem tempo, que o tempo está ali mesmo, aí não se sente feliz, ou porque lhe falta o desejo, ou está cansado do trabalho sem alegria. E está sempre querendo fazer amanhã o que tem tempo para fazer hoje.

Quem não presta atenção ao tempo, não merece o tempo que tem!

Quando vivemos, lutamos e amamos com sabedoria, temos sempre o tempo a favor. Mesmo nas horas mais difíceis, em momentos de turbulências e vendavais, diante das mais terríveis tormentas ou tiranias sociais, se agimos com coerência, empregando nossas energias nas coisas que são essenciais, sempre saímos fortalecidos.

O tempo permeia a existência de tudo: dos seres vivos à matéria inorgânica. Estamos habituados a identificar o fluxo do mundo com a passagem do tempo, mas curiosamente não sabemos o que o tempo é.

Ele não espera nossa adaptação, ele não esquece o que deve ser feito, não retrocede, não retarda. Ele segue sempre em frente, e não se compadece com o que deve acontecer.

O amanhã é incerto demais. Não temos certeza de nada e temos um tempo muito curto para colher os louros de uma felicidade que nem sempre sabemos onde está.

Portanto se aparecer uma oportunidade de pelo menos vislumbrar a felicidade, devemos segurá-la, pois, o tempo não volta e às vezes é muito cruel! Ele debocha de nós todos os dias.