Crônicazinha Atoa...

Hoje me surpreendi enumerando as coisas que preciso esquecer. Ou talvez nem esquecer, mas apagar a lousa para que uma nova história possa ser escrita. É interessante como nos comportamos diante de certas situações, até porque quando queremos muito esquecer uma coisa pensamos demasiadamente nela. Pensar o tempo todo não dificulta o processo de esquecimento? Enfim! O fato é que tenho consciência de que algumas coisas precisam ser mudadas, mas também de que não sou capaz de escolher tudo.

Comecei por retirar algumas fotos... A parede em frente à cama era “enfeitada” por um painel cheio delas. Logo no início do ano, ele se desprendeu de um lado, e as fotos foram caindo uma a uma. Sem dar muita importância, eu só ia juntando todas e deixando num canto... se pelo menos eu tivesse entendido o sinal... afinal... quem olhasse aqueles sorrisos eternizados nas fotografias não imaginaria que muitas das histórias seriam divididas.

Até tentei utilizar o método de Rubem Braga e imaginar que “aquele” riso mais bonito estava rindo era de mim... do meu amor... da minha doença. Desculpa Rubem, mas foi mais fácil render-se aos encantos dele que esquecê-lo. Foi por isso que resolvi tirar as fotos das minhas vistas. Não olhar para elas tem sido bem difícil, pois não apagaram minhas lembranças, mas encerrar estes ciclos será importante para as pessoas que me sorriam antes... é mais por elas que o faço e me esforço.

O problema agora é me deitar na cama, olhar o painel vazio e ter a sensação de que algo em mim pode estar igual a ele. Talvez, novos momentos tardem um pouco...

Preciso urgente de fotos novas!