Reféns dos nossos próprios desejos

Somos uma geração de pessoas que parecem ter esquecido como é bom viver como realmente somos, sem tentar ignorar nossos defeitos e falhas. Tentamos transparecer ser outro alguém para conseguir agradar a terceiros, quando no final, acabamos não agradando nem aos outros nem a nós mesmos.

As pessoas sentem necessidade de serem perfeitas em tudo que fazem da vida. Acham que para viver bem precisam falar tão bem quanto o apresentador daquele jornal. Querem ter o mesmo corpo daquele(a) atriz(ator) da novela das oito. Angustiam-se por não saber contornar todos os problemas - desde os triviais até os quase insolúveis - que aparecem, diferente do protagonista daquele filme que parece ter as respostas para todas as perguntas na ponta da língua. Quando finalmente nos damos conta de que não somos como esses estereótipos de felicidade, sentimo-nos inferiores e fracos.

Ter derrotas na vida é inevitável, aprender com elas é algo que pouca gente parece fazer. Em uma sociedade que faz com que nós nos obriguemos a sermos perfeitos, mostrar nossas falhas e lidar com as derrotas é uma virtude de poucos.

A indústria de massa propaga a todo momento modelos de sucesso, que são aquelas pessoas que servem como nossos exemplos de vida. Só depois de sermos e agirmos como esses paradigmas da felicidade, ficaremos satisfeitos com nós mesmos. Mas tentar nos moldar seguindo esses modelos, é a mesma que coisa que correr em uma bicicleta ergométrica: muito esforço para chegar a lugar nenhum.

Será mesmo que você precisa ter o corpo daquela modelo da propaganda que passa a vida toda com uma dieta à base de legumes e água e perde boa parte da vida malhando? Será mesmo que você precisa ser rico como o dono daquela empresa tão famosa, que deixa de estar com as pessoas a quem ele tanto ama para poder se manter no topo para sempre? Será mesmo que você quer ser como aquele seu colega de classe que tira as maiores notas da sala quando que para isso, ele se privou de alguns prazeres para poder estudar? Será mesmo que você precisa falar tão bem quanto aquele palestrante, que apesar de aparentemente se comunicar tão bem, não consegue ter um diálogo produtivo com seu filho? Você realmente quer isso? Ou você é treinado para querer ser assim?

Rodrigo Serrano
Enviado por Rodrigo Serrano em 21/08/2006
Código do texto: T221781