O casarão

Enxergamos mas não vemos, assim acontece com pessoas, com situações, com monumentos, etc.

Domingo ocorreu algo curioso, fui convidada para assistir uma apresentação artística em um bairro chamado Engenho Velho de Brotas, aqui em Salvador.

Me surpreendi quando soube de um teatro naquele local, fui com enorme prazer apesar do cansaço e estresse de meu dia de trabalho.

O bairro da apresentação já conhecia de longa data, passei por aquele local inúmeras vezes, sempre apressada. O motorista do carro não conhecia o local, fui seu guia.

O carro foi estacionado, descemos temerosos pela escuridão, a poucos metros avistei uma das construções mais surpreendentes que já vi. O contraste do bairro pobre com aquele casarão causou um grande impacto em mim. Emoção similar somente defronte do original Monalisa e Duomo de Milão! Eu estava defronte do casarão onde o poeta Castro Alves passou sua infancia! Construção belíssima, inumeras árvores. Fiquei emocionada com a novidade, naquele momento desejei escrever! Lembrei do que li do poeta, fiquei imaginando o tempo que ele estudou em Recife, a saudades que ele sentiu de sua casa (aquela defronte a mim!)! Uma emocão incrivel.

Naquele momento me senti uma turista. Apesar daquele espaço abrigar uma casa de cultura, não tem ampla divulgação em Salvador, desconheco a razão!

A apresentação gratuita que assisti foi maravilhosa, na platéia muitas crianças da comunidade.

No final do passeio soube que este espaço abrigou o famoso hospital de alienados. Um senhor da comunidade disse para mim:

- Ali foi a casa dos loucos!

Que contraste, antiga casa do poeta e antiga casa dos considerados loucos! Estava defronte ao antigo hospital Juliano Moreira!

Voltei para casa refletindo sobre aquele momento especial, a minha descoberta.