Metalinguagem?

Modernidade e avanço tecnológico são sinônimos de progresso? Bom, na minha humilde opinião, em muitas ocasiões a palavra que mais se encaixa na sinonímia de modernidade é regresso. É atraso.

Estamos na era em que a tecnologia tem o poder de colocar tudo ao nosso alcance. A internet nos dá a possibilidade de fazer o que quisermos sem sairmos de casa. Podemos fazer operações bancárias, visualizar o mundo com imagens captadas por um satélite, inscrevermo-nos em concursos de qualquer região, comprar drogas, cursar faculdades, contratar prostitutas - leia-se profissionais do sexo -, adquirir qualquer tipo de roupa ou acessório, desde um computador até um vibrador discreto - se for seu caso.

Sem dúvida a tecnologia consegue tornar a vida das pessoas menos trabalhosa e mais rápida. Em um mundo onde não temos tempo nem para respirar, esse tipo de ajuda torna-se essencial. Mas a questão é que, se nós realmente estamos no auge dos tempos, por quê não temos uma vida melhor? Por que nosso mundo não melhorou? Ou vai me dizer que ninguém morre de stress, ninguém come seu lixo, as pessoas não estão se matando, mães não estão jogando seus filhos no rio por não ter condições de criá-lo, e o ar que você respira é ótimo para a saúde? Se você acha isso, me desculpe mas eu vou ter que ligar pro Teleton agora para interná-lo pois você tem problemas mentais.

Além de todos esses problemas socias, a tecnologia também nos tirou uma coisa chamada calor humano. Nos tornamos pessoas com medo de pessoas. A algum tempo atrás ter infância significava brincar na rua e chegar com o joelho todo ralado e cheio de marcas pelo corpo. Mas eram marcas de uma infância vivida. Marcas boas ou ruins, mas simplesmente marcas. Hoje em dia, as crianças não tem mais marcas, a não ser o calo que ela tem de tanto jogar videogame e computador. Muitas mães também protegem seus filhos dessas marcas da vida, até porque ao invés de chegarem com o joelho ralado, eles podem aparecer com a porra de uma bala cravada.

Não são só as crianças que perdemos o calor humano. Nós também. Antigamente quase não existia telefone muito menos MSN. Para se falarem, as pessoas precisavam ir na casa uma das outras ou marcar um encontro em algum lugar. Você olhava nos olhos de alguém e esses olhos denunciavam tudo. Desde uma mentira que te iludia até um elogio sincero que fazia seu dia. Hoje, nós temos tempo para pensar no que vamos falar. Estudamos as consequências de nossas palavras o que as torna frias e sem alma.

O retrato da nossa geração. Agora só é preciso fazer alguns retoques no Photoshop e colocá-lo no orkut.

Quando ela parece nos aproximar, ela só nos distancia cada vez mais.

Rodrigo Serrano
Enviado por Rodrigo Serrano em 22/08/2006
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