Um dia, um gato...

Esther Ribeiro Gomes

Nos anos sessenta assisti a um filme deveras inusitado.

Naquela época havia os chamados ‘filmes de arte’, de diretores

famosos como o sueco Ingmar Bergman.

Esse filme se chamava ‘Um dia, um gato’.

Contava a história de um gato dotado de super poderes e tinha que

usar óculos escuros, porque se os tirasse enxergaria as pessoas como realmente são, sem disfarces!

Cada cor representava o caráter da pessoa.

Por exemplo, o azul significava mentiroso; o verde, falta de escrúpulos, safadeza; o amarelo, hipocrisia, falsidade; o vermelho, amor, paixão e assim por diante.

Um dia o gato fugiu sem os óculos e parou em frente à Igreja da cidadezinha, onde se realizava um casamento.

Quando olhou para os noivos, ela ficou inteiramente vermelha e ele, amarelo! Olhou para o prefeito que ficou verde, a cor da safadeza.

Então todos começaram a se enxergar na sua verdadeira essência,

sem máscaras! Houve muita briga e confusão, pois, cada um teve

sua alma revelada, acabara-se a hipocrisia.

Daquele dia em diante, as pessoas passaram a se comportar com

justiça e dignidade. Todos se tornaram verdadeiros e viveram em paz!

Se existisse um gato assim, as pessoas se revelariam sem disfarces...

A mentira sairia dos dicionários e viveríamos em verdadeira comunhão.

Os políticos teriam que andar na linha e saberíamos em quem votar,

pois os enganadores do povo seriam desmascarados.

Haveria justiça, igualdade e fraternidade.

Pena que seja apenas fantasia!

Esther Ribeiro Gomes
Enviado por Esther Ribeiro Gomes em 30/04/2010
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