ORA CELSO AMORIM, VÁ A... MERDA!

A concessão de comendas às mulheres de presidentes brasileiros pode causar problemas, dúvidas ou indignação. Conheço uma que causou problemas ao escritor e humorista Millôr Fernandes. Em 1959 ele tinha na extinta TV Tupi do Rio de Janeiro, um programa intitulado “Treze lições de um ignorante”, o qual foi suspenso por ordem do presidente Juscelino Kubitschek, que até hoje é dourado com a absurda fama de ter sido liberal e democrata, mas que não hesitou em usar a censura quando percebeu que sua mulher fora ironicamente criticada por Millôr, ao dizer:

“Dona Sarah Kubitschek chegou ontem ao Brasil, depois de 5 meses de viagem à Europa, e foi condecorada com a Ordem do Mérito do Trabalho.”

Não sei se no intervalo outra primeira dama foi condecorada, mas a atual Marisa Letícia Lulla da Silva, acabou de ter a sua segunda. A primeira foi no dia 7 de dezembro de 2007 quando recebeu, em cerimônia realizada na Base Aérea de Natal (BANT), no Rio Grande do Norte, a Medalha do Mérito Santos-Dumont. Logo me assaltou uma dúvida: Por que a “primeira patroa” recebeu condecoração brasileira criada para homenagear civis e militares, brasileiros ou estrangeiros, por destacados serviços prestados a Força Aérea Brasileira (FAB)? Qual serviço prestara à FAB a homenageada? Conclui, como uma grande boa vontade, que fora pelo fato de ter acompanhado o marido em suas inúmeras viagens no Aero-Lulla, com uma tripulação da FAB, sem nunca dizer nada.

Mas agora parece que a coisa entrou no perigoso terreno da galhofa. Dona Marisa foi condecorada com a Ordem de Rio Branco (14/4). Essa ordem é destinada a galardoar os que, por qualquer motivo ou benemerência, se tenham tornado merecedores do reconhecimento do Governo Brasileiro, servindo para estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção, bem como para distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas.

Pombas! A “primeira patroa”, com relação à diplomacia, teve somente uma passagem indigna: fez uso do Itamaraty para facilitar-lhe o recebimento da dupla nacionalidade junto ao consulado italiano. Os descendentes de italianos até a 5ª geração tem esse direito, mas para qualquer mortal no Brasil, que também queira ser italiano, há uma espera de média de 6 anos, e Marisa Letícia a recebeu em dias. Mas a parte feia da coisa é a mulher de um presidente que não acredita no país governado por seu marido e, como se não bastasse, ao ser perguntada por que como mulher do presidente pedira a dupla nacionalidade, sem o mínimo pejo, respondeu:

-“É, o amanhã nunca se sabe, não é mesmo?”

Pois é, a uma brasileira que não respeita seu pais foi dada a comenda do Rio Branco, que tem como dístico a expressão em latim “Ubique Patriae Memor” (Em qualquer lugar, terei sempre a Pátria em minha lembrança).

Mas o pior de tudo foi a explicação que deu o chanceler Celso Amorim para esse puxa-saquismo explicito:

- “apoio à atuação do marido na política internacional justificam a homenagem” - afirmou ele.

- Ora Celso Amorim, tenha a paciência e “vá a merda”.

(autoria de A Vandoni)