FRAQUEZA DE CARÁTER.

O fraco de caráter tropeça em suas próprias passadas, trôpego, ainda assim tenta subjugar o mais humilde. Se sobe um degrau ascende ao alto da escada para de lá expelir suas baixezas e vilanias na arrogância que espezinha. Não vê a luz que engrandece o semelhante se reconhecido como pessoa, prevalece o véu que cobre sua compreensão ao mesmo tempo que revela a escuridão de seu caráter.

Os seres sensíveis e de apurada observação estão intoxicados pelo mau presságio dessa ordem de caráter que prolifera. É apelo para a selvageria de consumo que assolou o mundo. Ontem minha filha me confidenciou que uma pessoa de seu trabalho lhe disse: "vou para o sul da Itália em lugar frequentado só por pessoas de alto nível, não sei nem com quem vou falar quando voltar, vou escolher...com quem falar""

Por extrema coincidência, vou pela enésima vez para aquelas bandas onde tenho meu sangue iniciado, tanto quanto cidadania, e lhe disse minha filha: engraçado, meus pais, meu irmão e minha cunhada vão à Positano e outros lugares, vão sempre à Europa...vou fazer minha listinha...". O arrogante ficou atônito...com o troco na mesma moeda.

O mundo afunda nesses ridículos pilares, assentados na fraqueza de caráter, com crises em que a selvageria do consumo, ainda em curso, sinalizou.

A crise do consumismo selvagem nasce do homem, é ele que precisa de reforma, não bastam instrumentos reguladores. O homem que achata salários, que incentiva o consumo através do crédito, crédito que salários achatados não resgatam, que viram dívidas, que viram crise que desestabiliza o mundo.

O convívio com a informação em geral mostra esse quadro, e por mais que se queira evitar entra pelos poros, por osmose.

Está se tornando insuportável para a humanidade esta torrente que desce como lava pela encosta da globalização, preenchendo todos os espaços sadios e tornando-os doentes, comprometendo o mundo com terrores e horrores do consumismo sem regras, "a vontade de aparecer a qualquer preço", E O PIOR, PISAR NO SEMELHANTE.

Violenta tal estado de coisas esse trânsito deformado de condutas, agregados ainda às políticas que invertem a ordem natural de tudo que se possa esperar do ser humano.

E pergunta-se, é ele, o ser humano, que pede essa destinação que o transforma do qual é centro gravitacional, para ser abrigo de tudo que não presta? É depositário e reivindica essa patologia para guardá-la em seu interior? Ou fraquejou na sua formação, não teve aparelhamento para se conduzir com razoável limpeza de caráter?

A seta aponta para a grande complexidade cujo nó dificilmente se desata, pois em vez de querermos desesperadamente ter e aparecer, participar e ficar em destaque, somente em alegrias e receber afetos, precisamos entender que o bom e o belo são realizáveis, basta procurá-los com vontade, deixando de lado a prepotência e a arrogância.

Assim aparecerá uma realidade melhor, mais forrada de calma e felicidade, prazeres que a soberba desconhece. É uma forma de acertar, um pouco, a ordem no mundo.

Sou forte no credo da inexistência de transformações grandiosas em rápido tempo nessa fase de ideologias difusas e restritivas, unidas às cabeças loucas, trocando-se de ideal como quem adquire um objeto comum, mas tenho esperança nas transformações individuais, na saída do homem das trevas para a luz, porém o tempo é longo, aquele em que o semelhante verá no outro um seu irmão.

Isto ocorrerá quando cada um tentar fazer sua pequena parte, até lá, quando a humanidade assim se conduzir como um todo, a fraqueza de caráter estará presente.

Atender ao chamamento da futilidade a ponto de pisar no semelhante para "ter" ou "ser" o que não se é nem nunca se foi, e mesmo "possuindo" materialmente se afastar da recepção do que há de mais nobre em nossa vida, chama-se fraqueza de caráter.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 01/05/2010
Reeditado em 16/06/2014
Código do texto: T2230520
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