Rhoss, um policial acuado e acorrentado...

Início dos anos oitenta eu acabava de me mudar com a família para uma nova casa. Chegou ao meu conhecimento um cachorro policial, pastar alemão, que estava sendo doado. Tratava-se de um animal feroz e que fora rejeitado até pela policia militar por se tratar de um animal já adulto, rebelde e bravo.

Eu não hesitei, era tudo que eu queria um pastor alemão. Quanto a sua braveza não me assustava. Procurei a casa que me indicaram e manifestei a vontade de conhecer e levar o cachorro. Fui alertado pelo proprietário que o animal era muito bravo e que ele não se responsabilizava caso eu fosse mordido. Eu afirmei de que isso não era problema, apenas que me deixasse conversar com o cachorro.

Aquele senhor convidou-me a entrar em sua casa, abriu a porta do quintal dos fundos e depois que eu entrei ele se afastou deixando-me lá sozinho.

Olhei para os lados e logo percebi o cão que rosnava e mostrava-se descontente com minha presença. Percebendo que estava acorrentado junto ao tronco de uma árvore dirigi-me em sua direção lentamente estendendo minhas mãos. Mostrando-se bastante irritado, mostrava seus dentes e toda a sua raiva.

Não me deixei ser intimidado e calmamente foi me aproximando e estendendo cada vez mais minhas mãos, até que comecei a tocar sua cabeça. Percebi que ele começou a acalmar, diminuindo sua raiva e silenciando. Em alguns minutos comecei a ouvir um novo tipo de som, um uivado abafado passando a um simples grunhido.

Percebi então que acabava de ganhar um amigo e logo me encorajei a soltar a corrente que o prendia naquele tronco e segurando-o pela coleira levantei e para espanto daquele senhor e dos que estavam na casa sai acompanhado daquele cão que balançava o rabo numa atitude de felicidade, de alegria.

Os anos que seguiram foram de muita alegria para ambos. Acabava de mudar para uma casa que estava construindo com uma linda família.

Rhoss adotou-me logo como seu dono e mostrava-se muito feliz, como meus filhos eram pequenos resolvi deixar o cão sempre preso e soltá-lo apenas quando estivesse junto em casa e assim fazia. De vez em quando o soltava e abria a porta de meu carro e levava-o comigo até a padaria ou outro lugar como companhia.

Éramos dois amigos, nos orgulhávamos um do outro. Isto era visível, estava estampado em ambos.