Meu velho

Gostaria de te ver envelhecido.

Um pouco senil, talvez, com aquelas manias

que têm os velhos, porém, do meu lado.

E essa tua falta, me traz a certeza

de que eu teria paciência contigo;

a paciência que eu não tenho com netos,

sei que terias comigo,

pois, teu mundo era outro.

Tempo de senhores e senhoras,

tempo do "por favor" e do "desculpe".

Pensando bem, acho que não irias

se acostumar com nosso hoje,

hoje, existe o "tem a manha" e o "foi mal".

Hoje, jovens ficam adultos mais cedo;

colheita temporã, em que,

amadurecidos antes do tempo,

são frutos insossos e frágeis.

Mesmo assim e apesar de tudo,

gostaria de ter-te aqui, comigo.

E essas diferenças e dificuldades,

tenho certeza, tiraríamos de letra.

Nossos amanheceres, teriam esperança,

o dia transcorreria com aquela calma

que só o companheirismo pode trazer

e nosso anoitecer, teria a certeza

de conversas amenas e sábias.

Então, o nosso tempo, só o nosso,

seria um outro tempo.

É isso aí, meu velho.