O SERROTE

O Serrote, na década de quarenta, era um local habitado por gente pobre, porém honesta e trabalhadora. Todos, que ali residiam, tinham laços familiares ou se tornavam da família por afinidade. A principal atividade dos seus moradores era o abate de animais, pois ali estava instalado o matadouro público. Além desta atividade, trabalhavam também os homens na agricultura enquanto as mulheres lavavam e passavam roupa ou trabalhavam como domésticas nas casas das famílias mais abastadas. Havia trabalho para todos, o que os tornavam dignos. Aquele povo ainda não conhecia as drogas, a violência e a prostituição desenfreada.

Para chegar-se ao Serrote, havia duas opções: ou ia-se pela Taboqueira usando o corredor, que separava os sítios de Padrinho Tiago e do Sr. Antonio Madeiro ou pelo caminho da Cacimbinha. De lá podíamos chegar a Pedra do Urubu e ao Monte, terreno de Joaquim Nicodemos onde havia muitos umbuzeiros. Todas as crianças se sentiam atraídas pelas belezas naturais daquele lugar.

Naquele local, havia também um ponto de atração para os homens que gostavam da vida mundana: “O Riso da Noite” ou o “ROI” como era popularmente conhecido.

Muitos anos depois, já na minha adolescência, tive a oportunidade de conhecer aquele ambiente que serviu de palco para algumas desgraças, inclusive mortes ou assassinatos, quando com minhas companheiras da JEC (Juventude Estudantil Católica) evangelizávamos as crianças das famílias pobres que ali residiam.

Observação: RISO DA NOITE .Com o tempo, a chuva, o sol e o vento o letreiro foi desgastado e as letras da tabuleta ficaram assim: R O I. Os homens ao se dirigirem ao cabaré diziam : vamos ao "ROI" para que as mulheres não soubessem para onde iam. Convecionou-se entre eles essa denominação.Tornou-se conhecida de todos com o passar do tempo.Na nossa cidade todos chamam cabaré ou casa de prostituição de "Roi".