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O fio da vida - A fragilidade dos seres (BVIW)


A vida é um tênue fio que respira e que a qualquer instante pode ser desligado.

A vida é sopro, é pneuma, é mistério.

Por mais longa que seja, ainda assim a vida é efêmera, e sua efemeridade varia de indivíduo para indivíduo, de ser vivo para ser vivo. A borboleta vive até três meses; o ser humano pode passar dos oitenta anos, a depender das condições em que vive.

O que é efêmero necessita de cuidados, pela fragilidade inerente aos seres vivos. Temos em comum esta qualidade e também os instintos que nos auxiliam neste cuidado. Nós, humanos, temos sobre os outros seres a vantagem de elementos como a consciência, o discernimento e a inteligência racional para a realização desta tarefa. Porém, isto não nos exime da nossa fragilidade.

A borboleta, apesar de frágil, não deixa de voar e cumprir o seu destino. Poliniza as flores, espalha beleza, ocupa uma posição na cadeia alimentar... E nós, seres humanos, pensantes, inteligentes, muitas vezes deixamos de fazer o que é preciso, o que nos cabe, por causa de fragilidades outras. Sim, fragilidades supostas, fantasiosas. Suscetibilidades, que não se relacionam com a nossa fragilidade verdadeira, real: a fragilidade dos que vivem.

Deixar de viver o que é para ser vivido não nos livra da nossa fragilidade, mas nos transforma em mortos vivos. O nosso desafio é caminhar neste fio - como equilibristas que exercem sua arte - e na arte de viver a vida, deixar que “o sopro” nos conduza, anime e respire em nós. E usar nossa inteligência para ajudar a preservar outras frágeis vidas, outros seres, outras espécies.

A fragilidade dos seres, a que torna iguais em sua finitude todos os que vivem, deveria favorecer a nossa compaixão e solidariedade.

Norma Suely Facchinetti
Enviado por Norma Suely Facchinetti em 03/05/2010
Código do texto: T2234308
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