A sorte não brinca na gangorra Gre-Nal

Curioso como, em um ano, o Grêmio virou um time melhor do que o Internacional. Cresceu em qualidade técnica e equilíbrio, enquanto o rival decaiu vertiginosamente. A conquista do Gauchão 2010 pelo tricolor, mais do que pela raça, pela torcida ou pela sorte - fatores tão comuns de decisão no futebol - passa, e muito, pela qualidade.

Lembro do Inter de 2009, festejado como o melhor elenco do futebol brasileiro. Lembro de craques como Nilmar, Alex, D’Alessandro e Kleber. Taison surgia como uma promessa de craque. Tudo eram boas perspectivas no Beira-Rio, até começarem os maus negócios.

Um a um, foram saindo os jogadores de exceção. Começou por Alex, em seguida Nilmar, depois o bom volante Magrão. E a reposição nunca foi à altura. Vieram Alecsandro, para o ataque, e Edu, para o meio de campo. Nenhum dos dois faz sombra aos antecessores. Ao mesmo tempo, Taison desapareceu , assim como o futebol de Kleber e D'Ale. O zagueiro Sorondo passou a conviver com seguidas lesões, e nunca mais foi o mesmo. Voltou Fabiano Eller, do time campeão mundial de 2006, carregando nas costas o peso dos anos.

Resultado do fim desta fase de grandes jogadores é que hoje, embora ainda seja capaz de boas campanhas, o Internacional tem uma equipe comum. Impõe respeito pela camisa, mas não causa medo no adversário. No grupo atual não tem mais um jogador sequer capaz de desequilibrar. Tampouco o conjunto tem força para ser o fator de desequilíbrio, pois o treinador sequer tem seus 11 titulares definidos.

Enquanto isso, o Grêmio, que no 1º semestre do 2009 apresentou um time incapaz de disputar a Libertadores em condições de ser campeão, e no 2º foi coadjuvante durante todo o Brasileirão, começa a arrumar a sua casa. Agora parece precisar de poucas peças para estar entre os melhores do Brasil. Isto porque, neste ano, só foram feitos bons negócios. As contratações foram pontuais. Poucas e boas. Saiu Réver, veio Rodrigo. Saiu Maxi López, veio Borges. Saiu Tcheco, veio Douglas. Saiu Douglas Costa, veio Hugo. Leandro veio suprir a carência de velocidade. Em nenhuma dessas trocas houve perda de qualidade. Houve acréscimo.

Principalmente em seu meio de campo, o Grêmio desta temporada é mais forte. A volta de William Magrão e a criatividade de Douglas não deixam dúvidas. Ter como opções Fabio Rochemback, Hugo, Mythiuê e Maylson é outra vantagem importante. Quando voltar o lesionado Souza, o banco de reservas estará ainda mais recheado. Como já escrevi anteriormente, o tricolor passa de médio pra bom.

Em 2010, o Grêmio aprendeu que precisa de qualidade para chegar aos títulos. Só com raça e superação, não dá. Aprendeu com as boas campanhas do maior rival nos últimos anos. Rival que, ao que parece, já esqueceu por que ganhava.

Andrei Andrade
Enviado por Andrei Andrade em 03/05/2010
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