As Lavadeiras

Quando eu era criança, e sempre que viajava de uma cidade para outra no interior de Pernambuco, ficava embevecida com a visão das lavadeiras na beira dos rios, a bater suas roupas nas pedras, a ensaboá-las naquelas águas correntes; elas sempre tão alegres, muitas vezes a cantar canções melancólicas, como que num ritual sagrado, purificando-se naquelas águas cristalinas. Que bela vista eu achava ao admirá-las.

Não sei porque, sempre me emocionou esta paisagem; talvez porque podia sentir que naquele momento delas, estava acontecendo o milagre do entrelaçamento daquelas mulheres com a mãe natureza: aquelas mulheres tão livres, as águas do rio, as pedras, as plantas, o céu, o sol, eram uma coisa só.

Desde a minha mais tenra idade, sinto que além de, contemplando mas principalmente interagindo com a natureza, é que voltamos ao centro de nós mesmos. Pois ao meu ver, o mundo exterior e seus apelos, é que nos fazem superficiais e egoístas.

Infelizmente, quando viajo hoje em dia, busco novamente contemplar as lavadeiras e sua cumplicidade com a natureza, mas não as tenho visto, é, acho que elas foram enfeitiçadas pela magia da tecnologia e não mais são uma paisagem única, não mais farão parte do milagre da mãe natureza. Que pena...

Wanusa Pinto
Enviado por Wanusa Pinto em 10/05/2010
Código do texto: T2249145
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