Só  um poeta pode conversar com o rio.
Podemos falar com ele a vontade, aquele riozinho perto de nossa antiga casa que nos viu nascer e que sabe de tantos segredos nossos e que só ele compreende a nossa linguagem.
Gostaria que ele me contasse todos os caminhos onde já correu e sei que tua jornada meu rio não é fácil, como a minha também não, cheia de altos e baixos.
Tuas águas as vezes mansas e tranquilas; e outras vezes tu te vês em correntezas fortes, cachoeiras que vão passando assim como na minha vida.
Mas não há de ser nada meu amigo, vamos continuando e amanhã ou depois voltaremos de novo para um encontro de quem sabe quantos anos e cheios de saudades um do outro.
Quantos poemas escrevi nas tuas margens, de amor e até de dor e teu barulho que eu amava me traziam juntamente com tuas ondas as recordações que eu precisava e que tanto me acalmava.
Muitas vezes o crepúsculo já se aproximando e tuas águas cintilantes, mais pareciam lágrimas de um rosto magoado pelo tempo. Mas eu não gosto de chorar e tu sabes disso mais que ninguém, vou te dar um presente, pela alegria de ter ver novamente ... leve esta rosa contigo e coloca junto ao arco iris
que encontrares no teu caminho e diga que foi um amigo poeta que enviou.
E faz um pedido por mim, que me proteja onde eu estiver e que tuas águas que eu amo tanto continuem limpídas como sempre foram e que minha conciência esteja sempre em paz.
                          Até breve meu amigo.