Vá pra japa que pariu!

Bragança Paulista, sem sombra de dúvidas, foi o cenário das histórias mais esculachadas pelas quais eu já passei. Essa é apenas uma das artes que andei aprontando por lá. Não me recordo bem em que ano foi, mas a ocasião foi inesquecível.

Eu morava num prédio, daqueles típicos pra estudantes – totalmente compacto – e em dado momento, uma colega que morava no prédio atrás do meu veio me chamar. Jane ...corre aqui que estou precisando de você. E lá vai a Janaína se meter em mais uma situação em que eu nada tinha a ver.

A irmã dela (que cursava odontologia) havia recebido uma colega no apartamento. E essa colega era tão chata, mas tão chata que a minha colega estava a beira de um colapso nervoso. Era uma puta japinha invocada, que gritava pelos cantos do apartamento, como se ali fosse dela. Gritava por tudo, por chinelo, por comida...era uma falta de respeito total. Bom, como paciência tem limite, minha colega se estressou e pois a dita cuja pra correr. E onde eu entro nessa história? Pois bem, eu estava incumbida de fazer o despacho do ser indesejável.

Estava eu com um moleton cinza, uma blusinha branca e um camisão jogado por cima, acompanhada de minhas lindas pantufas de coala. Como o despacho seria rápido eu nem me troquei. Entrei no carro assim mesmo e lá vou eu despachar o baú na casa de um amigo (coitado!).Chegando em frente ao prédio onde o pobrezinho do rapaz morava, a japa me olha com cara de bruaca e ordena: espera aí que eu vou lá e já volto. Olhei pra cara da minha colega e disse: essa grossa tá me achando com cara de Jarbas?

Não pensei duas vezes, saltei do carro, peguei as malas da criatura e levei lá no boteco que havia embaixo do prédio. Avisei: entrega pra aquela japonesa folgada. Com certeza uma das cenas mais bizarras que o tiozinho do bar já viu: uma louca saltando do carro, de pantufas e jogando as malas de alguém ali, no meio do bar.

Entrei no carro xingando e minha colega rindo descontrolada (creio que pelo nervoso de eu ter agido assim). Seguimos adiante e paramos numa república onde moravam nossos amigos. Eles me olharam meio estranho, afinal de contas eu estava ali toda esculachada, de pantufas, deitada no sofá da casa deles.

Passado um tempo a japa folgada foi arrumar barraco lá na república: sua louca, você deixou minhas malas no bar. E eu revidando: vai se tratar sua grossa. Vá pra japa que pariu!!! Ela saiu de lá cuspindo fogo e eu dei sorte dela não ter detonado o Zé (apelido carinhoso do meu carro).

Essa história da louca de pantufas que deixou as malas no bar rolou por um tempo, mas logo o falatório foi substituído por outro tipo de besteira qualquer. E a japa? Deve ter voltado pro cafofo dela, para nossa alegria, é claro.