RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE

O ser humano precisa de fé para seguir e nortear seu rumo vida à fora.E é na religião que encontra os seus pontos cardeais. A religiosidade, porém, independe da religião. A primeira se apresenta de forma individual emquanto a segunda só existe em forma de conjunto. Acontece, porem, que é ma religião que fiéis se apoiam: e percebo que no candomblé, religião plural de dogmas e conceitos, esses fiéis , por vezes esquecem de sua própria religiosidade ao se verem envolvidos com os meandros da religião.

No candomblé temos a figura do sacerdote tal qual "pais" e "mães", zeladores. Confiam à esses líderes as soluções dos seus problemas e traumas, confiantes que serão zelados, afagados, cuidados. Zelos e afins que não encontram em quantidade e qualidade suficiente em seu lar de origem. Nos barracões, exercitam, por vezes, a transmissão de conhecimento adquiridos, à neófitos, sem serem quastionados, devido à hierarquia. Hierarquia essa que independe da idade biológica, mas, sim de atributos e dons gentilmente servidos pelo "sagrado". E nesse meio, o "filho" sente-se útil, importante, capaz e "superior" aos novatos.

MAs, a religião tem seu lado opaco, humana que é.Se dentro dela o adepto sente-se seguro e se é nela que se completa, esse religioso se entrega tão completamente, que ao faltar ( a religião), perde-se por completo tambem a religiosidade. Difícil admitir que em algum momento não percebeu os erros de conduta do seu "zelador", ou mesmo os seus próprios erros. Entregou-se em nome do Santo, portanto cabe à Ele diagnosticar, apontar e julgar erros e errantes ( ?), e se Ele falhou então não mais é interessante que seja cultuado e adorado! Muda-se então de líder, de casa, de axé, e por fim muda-se de religião, e buscar-se-à em outras o afago, o zelo, o elo perdido.

Á meu ver a religiosidade anda enfraquecida nos templos de religiões de matris-africana. Perseguida por décadas e até os dias atuais, ainda lutando pela sua liberdade, o candomblé hoje muito se difere dos primórdios, onde a imagem do sacerdote era fiel à de pai ou mãe, e aqueles sacerdotes abraçavam seus filhos como tais e quais. e exerciam no dia-a-dia a religiosidade abraçando como suas as causas de seus filhos. O que vemos hoje são filhos decepcionados com suas casas e sacerdotes que por incapacidade, intolerancia ou sabe-se lá que motivos, esquecem a dita religiosidade e não exercem o diálogo, o perdão, e deixam ao léu aqueles que um dia iniciaram na religião. Lemantável!

A religiosidade antes de tudo deve ser fator preponderante àqueles que desejam seguir uma religião.

Axé!