FORTALEZA

Meu mundo não é dourado e eu não sou sempre alegre.

Há alguns anos uma psicóloga me falou que, conversando com as pessoas próximas a mim, ela tinha percebido que todos enxergavam em mim uma fortaleza. Disse que as pessoas viam minha alegria contagiante, mas não percebiam quando eu sofria, e, por isso, não acreditavam que eu fosse capaz de sofrer. Pediu que eu refletisse a respeito.

Pois bem, até hoje isso me atormenta. Sim, concordo com ela. Construi um forte para me proteger. As paredes de fora pinto de um colorido vibrante e irresistível, e meus sentimentos deixo guardadinhos e bem protegidos do lado de dentro.

O problema é que, vez ou outra, minha fortaleza é invadida... Meus sentimentos despreparados, inexperientes, inocentes, são massacrados. E, lá de fora, ofuscados pela aparente alegria, ninguém consegue enxergar a devastação aqui dentro.

Como esperar ajuda se as pessoas não sabem que eu preciso? E, muitas delas ao ouvirem o meu chamado por socorro custam a acreditar que por trás destas paredes festivas há alguém que chora, que, como todos, precisa de atenção, carinho.

Ao final, para não sofrer a angústia da espera por auxílio externo, procuro a cura interior, trato eu mesma as minhas feridas. E, mais uma vez, pareço independente.

Logo as pessoas ouvirão um vibrante cantarolar e neste sim, elas irão acreditar. Eu sei, "rir é bom, mas rir de tudo é desespero". Queria é que meus queridos entendessem.