Procurando MEMO...RIZAR. 

Acredito que, no seu ventre, minha mãe me ensinou a decorar o caminho para eu me alimentar nos seios dela. Com poucos anos de idade ela também me ensinou saber de cor as orações e cantigas infantis. Na escola ficou difícil, eu tinha que memorizar tabuadas, hinos, regras gramaticais, datas históricas, tempos de verbos, símbolos, fórmulas e, a cada ano, tudo piorava porque surgiram equações e até teoremas. Eu tinha que me desdobrar para saber tudo de cor.

Porém, na minha adolescência foi uma maravilha saber de cor letras de músicas que eu cantava pensando no meu namorado, o que me deixava muito feliz. ***** Aqueles olhos verdes, translúcidos serenos / parecem dois amenos / pedaços do luar.

Quando fui trabalhar, foi um tormento para mim. Tinha que saber de cor números de telefones, CNPJ das empresas, datas e horas de compromissos, para que meu chefe não ficasse agitado e soltasse suas frustrações em cima de mim, a sua secretária. Parecia loucura, mas o meu chefe era assim, e continua assim até hoje. Será que saber tantas coisas de cor seria prova de inteligência, capacidade?!

Tudo foram perdas de tempo. A tabuada foi a única coisa que se tatuou em mim, o resto se dissipou.

Há muito tempo não estou mais procurando MEMO...RIZAR nada. Somente quero saber de cor (ô), cores, amores, sabores, pintores, atores, escritores e de leitores.
Deyse Felix
Enviado por Deyse Felix em 25/05/2010
Reeditado em 29/01/2017
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