Quando o Peito Grava Alguém (BVIW)

Foi como ela entrou no meu coração, de supetão depois que escorregou do balanço. Se espatifou e ao invés de chorar, sorriu bem alto, bem largo, gostoso. Tombando e rindo, ela abriu caminho por dentro sorrindo. Só me dei conta quase duas décadas depois, na sua formatura.

Terça ela veio me mostrar às alianças e falou das flores, do carpete, da música, dos parentes e da festa. Foi embora antes da chuva.

Dá pra saber que algumas pessoas vem e vão ficar. Dá pra identificar um amigo irmão quando conhece de cor o gosto, o som do riso, o franzido da testa a feiúra da fúria num dia amargo.

Pra saber de cor, o coração é quem aprende as lições. Vai decorando fala, tons de voz. Aprende que amar é falar e calar, às vezes na mesma medida.

Já decorei algumas pessoas, estão de cor no coração, foram gravadas lá de algum modo e regravadas de tempo em tempo. De cor só amor, as coisas na mente decoradas de segundo não vão a fundo, não afetam o nosso mundo, não efetivam alteração. São apenas respostas certas em uma questão, são apenas mecanismos, copias gravadas de achismos, mas não carregam nossa impressão de ser, não são importantes pra viver e sem duvida não fazem parte da nossa essência de ser.

De cor só se for o que é decorado no coração, o resto é ilusão.