Juventude depressiva
Os anos passam e as gerações vão mudando, mudando e mudando. Primeiro nós líamos livros, éramos poetas, fazíamos nossas próprias canções a cada dia. Éramos camponeses, operários, lavradores, sonhadores! Todos nós ficávamos sentados em frente ao radio ouvindo a narração dos gols de Pelé, as notícias sobre a guerra fria, e ouvindo a jovem guarda. Impressionados com as criticas sobre Elvis Presley e seu jeito rebelde.
Então depois passamos a sentar todas as noites e todos os domingos á tarde em frente a caixinha quadrada com imagens em preto e branco, fascinados com as novelas, os tele-jornais e tudo mais. Vieram às cores e a esperteza, e a caixinha de imagens nos tornaram cegos, sem opinião e hipnotizados em meio a tanta informação, nosso peito virou alvo fácil. Nossos ídolos se transformaram em heróis, mas a grande maioria não resistiu e nos deixou. Alguns morreram de AIDS, outros de overdose ou comas alcoólicos, outros com tiros na cabeça e muitas maneiras mais. Talvez por não suportar o peso do fardo que a eles foi destinado, de ter que carregar uma geração em suas costas.
Nossos heróis partiram e deixaram suas mensagens, e nós seguimos adiante. Desnorteados, empobrecidos de inteligência começamos acompanhar muita corrupção, muita baixaria, muita falta de conhecimento e de amor. Falta de amor para com o próximo e falta de amor próprio!
Então encontramos uma nova geração. A geração da juventude depressiva! da juventude sem ideais, sem ídolos ou heróis, sem metas nem sonhos. Onde estão nossos ideais? Onde estão nossos ídolos? Quem vai ocupar o lugar por eles deixado?
Basta olhar para frases da nossa juventude, para “nicks” da nossa juventude, olhar para “perfis virtuais” e então entender o que se passa com a juventude depressiva. Tornamos-nos pessoas rotuladas, outdoors ambulantes com o mínimo de informação. Nós nem sequer sonhamos! O que será da juventude depressiva? Onde estão nossos ídolos?
Completamente perdidos nós seguimos em frente, imaginando o que será de nossos filhos, e com a grande dúvida.
Como serão os herdeiros da juventude depressiva?