Desculpa cara, você foi enrabado

Agitação total. A galera da faculdade só falava nisso: festa a fantasia! Bragança Paulista, na minha época, era o palco de festas muito boas. De segunda a segunda tinha algum tipo de diversão, um prato cheio para baladeiros de plantão.

Eu não estava muito a fim de ir na festa a fantasia, mas não poderia ficar de fora das pré-festas. Saí do meu cafofinho e fui em direção da muvuca. Dentro do carro haviam duas colegas que também não iriam na festa e outra colega vestida de pantera cor-de-rosa.

Se eu soubesse no que daria isso, não teria entrado ali no meio do “inferninho”. A rua estava fechada. Os universitários alucinados. De repente o carro começa a ser cachoalhado e a mulherada começa a gritar. Um rapaz fantasiado de macaco se joga em cima do carro. A menina ao meu lado começa a passar mal. Tinha quase a certeza de que tombariam o carro ali mesmo.

Consegui sair de dentro do carro e dei a ordem: mantenham a porta fechada! A pantera cor-de-rosa parecia não me ouvir, curtindo a idéia de se remexida com um milk-shake. Subi correndo as escadarias do prédio onde moravam meus amigos. Nem conseguia falar direito o que acontecia, só sei que desceram todos, como se me escoltassem (putz ...eles eram demais!). Um deles assumiu a direção e os demais foram abrindo o caminho. Ah ....meus heróis.

Resultado dessa pendenga: retrovisor quebrado, carro riscado e uma caixinha de primeiros socorros furtada. Detalhe: carro zero, com apenas uma semana de uso. Bom ... a noite não parou por aí.

Como já estava tudo ferrado mesmo, decidi dar carona pros meus amigos. Deixei as meninas na casa delas e voltei lá pro apê. Um de nosso amigos bebeu demais antes da festa e teve que voltar comigo rumo ao hospital da faculdade. Fiquei um tempo lá com ele ...deitado no banco e vomitando a beça.

Putz ...e agora. Vou ter que passar a noite com ele. Imagina se ele vomita e se afoga no próprio vômito?! Hummm ...isso é pensamento de mãe. Mas o que posso fazer, era mais forte que eu. Deste modo, levei ele de volta ao apartamento e fiquei zelando o seu sono.

Não lembro bem o horário que os demais meninos chegaram, mas sei o sol já raiava. Um deles vinha praticamente carregado. Jogaram ele no sofá, sob meu olhar atento. Um dos meninos foi até a cozinha e pegou um ovo. Separou a clara da gema e voltou pra sala. Deu uma bela puxada na calça do bebum e mandou pra dentro a clara, em direção a bunda.

Lembro que comentou: esse filho da puta só deu trabalho. Tivemos que ficar atrás dele a noite toda. Bêbado lazarento. Espera pra ele ver o susto. Hummmm ...isso vai dar merda.

O amigo cachaceiro, lá jogado no sofá, começa a despertar, certamente com gosto de guarda-chuva na boca, e vê os demais amigos todos de braços cruzados, em pé ao redor dele e eu de cabeça baixa , sentada no outro sofá. Ele pergunta o que aconteceu, ao que ouve a resposta: olha amigo ...aconteceu uma coisa muito séria. Você bebeu demais na festa, cada um foi pra um canto e quando a gente viu você estava lá largado e tinha um cara te enrabando. Desculpa cara, mas não tinha o que fazer.

Na certa ele deu uma contraída no traseiro e sentiu um meladinho estranho. Enfiou a mão dentro da calça, arregalou os olhos e começou a bradar: Meu Deus, me Deus ...e agora ...não acredito ...meu Deus! Nisso ele começa a chorar...

Tudo bem que foi super engraçado, mas eu tive que interferir. Poxa ...ele estava chorando! Achou que tinha sido enrabado mesmo. Passado o sufoco, o amigo que teve a idéia de agir assim, enfiou o dedo na cara dele e falou: isso seu filho da puta é pra aprender a não encher a cara e dar trabalho pra gente. Dá próxima vou deixar que lhe comam o c... mesmo.

É ...sempre ouvi dizer que c... de bêbado não tem dono. É por isso que prefiro ficar sóbria ou vestir calças de aço.