Não junta que dá merda!

Ahhhh ...como o amor é lindo! Tem alguém que não concorde? Todo casal apaixonado tem um “quê” de abestalhado, um sorriso bobo na face que irrita qualquer mau humorado de plantão. Vai me dizer que você nunca sentiu vontade de olhar pra alguém e perguntar: que cara de bobo é essa?

Pois bem, foi assim que tudo começou...

Eles haviam combinado de se encontrar. O primeiro encontro. Aquele que provoca cólicas intestinais e que leva às mulheres à loucura. Será que com homem também é assim? Que roupa eu vou usar? De mais: piranha. De menos: virgem santa. Encontrar o equilíbrio é complicado, ainda mais se a mulher em questão tiver um espírito de perua dentro de si. Uma dica: seja você, perua ou não, pois a gente não consegue esconder por muito tempo nosso verdadeiro eu. E vai que o rapaz gosta de perua ...

Ela olhou pra ele tentando manter a calma, mas no fundo preocupada,n pois o semblante dele era de uma pessoa prestes a ter um ataque. Segurou suas mãos e quase teve a certeza de que à sua frente havia um morto vivo, de tão frias que estavam. Eis que ela pergunta: está tudo bem com você? Ele respondeu: tudo bem, sim. Na verdade se ele pudesse teria respondido: estou ótimo, não vê que estou quase enfartando?

Passada a fase inicial, o casal entra em sintonia e toda a tensão do primeiro encontro diminui. Na verdade diminui tanto que eles acabam parando no motel. Hummm ...motel? Campo de batalha neutro. Ela sobe as escadarias observando tudo ao seu redor, mas na verdade ela procura por baratas. Baratas? Cada louco com a sua mania. Vistoriou e não achou. Ufa ...menos mal. Não será dessa vez que bancará a histérica perto dele. Que bom, pois não faz parte do “guia do início do relacionamento”.

Tudo está caminhando maravilhosamente bem. Enlouquecedores momentos de amor, muita saliva, muito suor, muito tesão. Mas é claro que não há bexiga que agüente tanta pressão e eis o momento de usar o triunfal banheiro. Ainda movida pela timidez típica do início, ela avisa: amor, vou ao banheiro. Minutos depois: AMORRRRRRR, CORRE AQUI!!!!!

Ao abrir a porta do banheiro, ela olha pra ele caindo em gargalhada. Ele, pelo pouco que a conhece, solta a pergunta: que merda você fez? Hummm ...então né ... não é que a válvula caiu dentro da privada (antes de ser dada a descarga, lógico!). E pra pegar o “trem”? Começam olhar ao redor : o que poderia ser utilizado pra pegar a bendita válvula? Sorte que nesses motéis da vida sempre vem aquele kit shampoo-pente-escova-toca. Aliás, nunca entendi o motivo da toca ...coisa mais broxante. O pente nesse momento serviu pra alguma coisa e a válvula foi resgatada. Ah ...tente não destruir mais nada no banheiro!

Resolvida a questão do banheiro, ela volta pra cama típica de motel e olhando ao redor comenta: nossa! Você reparou na quantidade de espelho que tem aqui? Até na “salinha de refeições tinha espelho no teto”. Poxa quem diabos vai querer transar ali na salinha? Foder na hora de comer é foda! Haviam tanto espelhos espalhados pelo quarto que acabava sendo desconfortável, afinal de contas nessa hora o que menos se quer ver é uma quantidade absurda de pêlos saindo de orifícios obscuros. Tem que fechar os olhos e se concentrar no ato, principalmente a mulher que pode viajar pensando: putz ...nessa posição eu não fico bem! Abaixo a espelharia do motel!

Após mais meia hora de caminhada a mulher (claro) tem a brilhante idéia: amorrrrrrr, vamos encher a hidro. Que romântico! A banheira tá enchendo, o casal se amando e esquece de fechar a torneira. Num sobressalto ela arregala os olhos e diz? A HIDRO!!!! O homem (lógicoooo!) vai até o banheiro e se depara com a cena do banheiro sendo inundado pela hidro que transbordou. É claro que esse seria um mero detalhe se a cor da água não estivesse da cor de xixi de uma pessoa com infecção urinária.

A mulher já logo solta: eu não entro aí ! E o coitado tentando justificar: é ferrugem! Foda-se que é ferrugem! Enfiar a bunda em água enferrujada acaba com qualquer romance. Após o rapaz ter praticamente escaldado o braço, as pernas e outras partes mais encobertas pela água, esvazia toda banheira e a água amarelo ouro se vai...tchauuuuu!

Como toda brasileira que não desiste nunca, ela quis, novamente, encher a banheira, tomando cuidado para não transbordar dessa vez. Não teve jeito. A água insistia em sair colorida. Iniciou-se um debate no banheiro: eu acho que a caixa d’água está suja. Não. Eu acho que é ferrugem. Faz tempo que não usam. Não chegaram ao consenso e decidiram entrar na água assim mesmo, depois tomariam uma ducha.

Aliás, aviso as mulheres: carreguem sempre o seu xampu e condicionador pois aquelas merdas que vem nos kits de motel deixam o cabelo mais duro que escova de aço. Uma vez eu fiz o favor de usar e fiquei uma semana tentando arrumar a merda que meu cabelo ficou, além de ouvir comentários do tipo: nossa, que você fez no cabelo?! Ela teve mais sorte que eu ...levou seu próprio xampu.

Que gostoso. Amor feito, banho tomado! O estômago começa a roncar. É claro que a mulher nessas alturas já está verde e desejando comer qualquer coisa. Ele olha pra ela e diz: amor, você não está com fome, não? Ela responde: estou ficando, mas na verdade ela já tá morrendo de fome e tentando ocultar o barulho que suas tripas fazem. Ele, num cavalheirismo sem igual, faz o pedido e ambos esperam pra ficar de bucho cheio.

Peinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn. Tocam a campainha. Ele se levanta (aos olhos atentos dela), veste a cueca e vai até a porta do quarto. Ela fica ali pensando, mas não diz nada. Ele prossegue: pois não?! É óbvio que não obtém resposta. Nessas alturas ela já está quase virando do avesso de vontade de rir, mas para evitar constrangimento resolve comentar: viuu, abre a porta da caixinha aí do lado da mesa.

Caixinha?! Poxaaaaa ...não conhecia isso não! Hã??? Como assim? Estaria a mulher com um exemplar de tiranossauro-rex? Pra finalizar esse dia de intenso amor somente uma cena dessas: o homem pelado, abrindo a porta pra campainha que foi tocada pra avisar que a comida chegou. E ainda falando: pois não.

Se no início do relacionamento está assim, já dá pra ter uma idéia do que virá pela frente. É por isso que cá dentro de mim eu acredito: existem pessoas que quando se juntam só dá merda.