Um passeio com a tristeza
(...)
Se olha no espelho, está linda, um sorriso se abre, mas o coração continua chorando.
Arruma os cabelos com o pente, coloca seus brincos e sai para caminhar por aí.
A rua parece o infinito, onde seus olhos se perdem e o horizonte é sempre intocável.
A vida flui ao seu redor, mas por dentro a vida está consumida e estagnada.
Em alguns momentos ela consegue se livrar da dor e parece conseguir sorrir com o coração,
mas quando os olhos se fecham as lembranças ecoam e a dor retorna.
Ela acredita que o passado foi verdadeiro e que o presente está sendo um engano,
que a vida é boa para os que lutam, mas ela desistiu de lutar.
Quando vê as pessoas sorrindo ela sorri, pois ela já sorriu várias vezes e acha magnífico o poder de ser feliz.
A rua começa a se esvaziar e a noite começa a surgir.
O parque já não tem crianças, mas os risos e os gritos estéricos se mantém ali.
Sentada no balanço ela olha as estrelas que brilham em um conjunto perfeito.
Ela deseja ser uma estrela, para que alguém olhe para ela e sinta-se bem.
O retorno para casa é silencioso, se quer os passos dela são ouvidos no que parece o infinito.
Palavras rolam em sua mente, a tristeza corrompe seu rosto, as lembranças torturam seu coração.
Abre a porta, entra e se vê no espelho, continua linda, mas de nada adianta a beleza física com tanta tristeza em seu interior.