Um passeio com a tristeza

(...)

Se olha no espelho, está linda, um sorriso se abre, mas o coração continua chorando.

Arruma os cabelos com o pente, coloca seus brincos e sai para caminhar por aí.

A rua parece o infinito, onde seus olhos se perdem e o horizonte é sempre intocável.

A vida flui ao seu redor, mas por dentro a vida está consumida e estagnada.

Em alguns momentos ela consegue se livrar da dor e parece conseguir sorrir com o coração,

mas quando os olhos se fecham as lembranças ecoam e a dor retorna.

Ela acredita que o passado foi verdadeiro e que o presente está sendo um engano,

que a vida é boa para os que lutam, mas ela desistiu de lutar.

Quando vê as pessoas sorrindo ela sorri, pois ela já sorriu várias vezes e acha magnífico o poder de ser feliz.

A rua começa a se esvaziar e a noite começa a surgir.

O parque já não tem crianças, mas os risos e os gritos estéricos se mantém ali.

Sentada no balanço ela olha as estrelas que brilham em um conjunto perfeito.

Ela deseja ser uma estrela, para que alguém olhe para ela e sinta-se bem.

O retorno para casa é silencioso, se quer os passos dela são ouvidos no que parece o infinito.

Palavras rolam em sua mente, a tristeza corrompe seu rosto, as lembranças torturam seu coração.

Abre a porta, entra e se vê no espelho, continua linda, mas de nada adianta a beleza física com tanta tristeza em seu interior.

Polar
Enviado por Polar em 31/08/2006
Código do texto: T229616