Sem laços, sem obrigação, sem roteiro.

Meu diário

Relutei em colocar meus textos no site Recanto das Letras

mas depois vi que também era para amadores.

Então achei que podia, ainda mais que é uma forma de guardar os escritos de modo leve. E expliquei que escrevo assim, como um aperitivo que tomo por prazer.Imitando Drummond,' é a minha cachaça'.

Ou meu Dry Martini.

Tem gente que joga pimbolim, coleciona selo, monta palavras cruzadas. Faz ioga. Eu escrevo nas horas vagas.

Que nem são tantas assim.

Daí, acontecem equívocos. Algumas pessoas me confundem ;

fazem pedidos de textos com roteiros.

Tipo assim: 'escreva sobre amor ou versos sobre a copa do mundo ou sobre a lagoa dourada e a lua no céu. Só para exemplificar.

Prosas encomendadas.

Mas... se meu dia foi acachapante e vem um pedido para fazer uma prosa romântica, não tem como.

Não, para mim. Se enfrentei filas , me aborreci com uma vendedora mal educada, meu sapato apertou, minha cabeça doeu...fui ao dentista , a anestesia não pegou legal.. se chego em casa e quero praticar meu prazer só poderei faze-lo de algum modo compatível com essas emoções...

Não que eu escreva só a partir da minha realidade. Não mesmo . Sei inventar uma situação. Reverter algo.Todos sabem . Pra que serve a imaginação ? Pois é.

Mas reconheço que as emoções fazem sua parte num todo. E tem dias que elas dominam geral. Fica tudo dominado!

Por isso admiro tanto os escritores verdadeiros.

Aqui, em uma situação mais pesada pode sair algo mais forte , pode até não sair nada mas nunca sairá como

o pedido acima sugere: ''oh meu amor, ao som do silêncio colorido deste dia lindo, eu te amei sob uma palmeira esverdeada e o céu anil....''Não dá. Pois a minha cachaça , quero dizer , o Dry Martini tem que ter algum sabor para mim. Não é justo?

Tem que ter aquela azeitona também .Ou a cereja . Depende do dia.

Por isso me comparo com um tocador de violão que... toca 'de ouvido'. Ele não conhece regras nem notas musicais. Também sua pretensão é limitada.Ele toca mais ou menos ,uma vez ou outra , no boteco da esquina ou em reunião em sua casa para alguns amigos...Só. E isso é bom pra ele . E os amigos aplaudem um pouco. O que não faz tanta diferença assim.

Mas , de algum modo, é agradável. E é assim que tem sido.

Alguns tapam os ouvidos quando ele arranha seu violão e ele sorri contente do mesmo modo.

Não há problema. Sem laços, sem obrigação, sem roteiro.

E lá se vai mais um gole do meu Dry...

Sem mais comentários.

Bom dia!