Na volúpia de viver
 Águida Hettwer
 
O
vento da saudade arrepia a pele, folheando páginas de nostalgia. Ah! Se contássemos todas as façanhas que vivemos, daria um livro, um belo romance escrito a quatro mãos; Eu, você, a lua e o sol. Quem dera envelhecer em meio de doces lembranças, embalada a canção de tua voz.
 
 
 Andarmos juntos por tantas ruas vazias, ou melhor, agora não vazias, tinham nossos risos, nossos planos, nossas mãos entrelaçadas, trocas de carícias como testemunho. De um amor, além desse tempo, dessa esfera de entendimento.
 
 
 Ao que escrevo e sinto não pertence ao mundo, passível de compreensão. Volúpia de viver, me segura o braço firmemente. Há sonhos pendurados na janela, balançam na sintonia do vento. Notas musicais entoadas no peito.
 
 
 Felicidade voraz. Raio de translucidez, assim a vida passa rasteira. De um amor além da eternidade. Rasga os véus da lucidez, na expressão da totalidade. Não há nada de inédito a ser dito. Tudo se consome no tempo e no espaço que se vive, no deslumbre da alma que ama.
 
 
                                                                                                        04.06.2010