A saga do cachorro-quente

Nunca pensei que seria tão difícil comer um cachorro-quente daqueles bem simples: salsicha, purê e pão (de cachorro-quente, óbvio!!!).

Tamanha é a minha frustração ao chegar na lanchonete e pedir com a boca cheia d’água: cachorro-quente! Ao meu redor risos ao me ver dizer tão convicta o que eu desejo. Gente, que posso fazer?! Tô com vontade! Mas a vontade logo dá espaço a decepção...o almejado lanche chega prensado num pão de hambúrguer. Isso não tá certo....cadê o pão de verdade??? Tão me sacaneando. No meio do lanche tudo que é ingrediente socado junto à salsicha perdida. Essa foi a primeira tentativa.

Pois bem ... tento novamente comer o dito cachorro-quente e já vou logo perguntando: é pão de cachorro-quente, né?! Sim, sim ...é sim. Ahhhh ...meus olhos até brilham, mas isso só até o lanche chegar. Olho pro lanche, olho pros amigos (que já imaginam o comentário). Isso não é pão de cachorro-quente!!!!! Comi a contragosto, com uma revolta interior ...jurei que faria em casa (mas não fiz).

Terceira tentativa: ahhhhh ...aqui vai ter! Dá uma olhada na foto do cachorro-quente. Putzzzzz ...quanta alegria. Hoje eu mato meu desejo. Na verdade eu era a única que sabia exatamente o que queria e aguardei por 30 minutos até que todos se decidissem.

Feitos os pedidos. Não demora muito e a garçonete vem em nossa direção. Nisso meu sorriso começa a se perder e todos já começam a rir. Moça, acabou o pão de cachorro-quente, mas no de hambúrguer fica a mesma coisa. Confesso que fiquei sem palavras, senti vontade de chorar enquanto todos se acabavam de rir com a minha absoluta falta de sorte. Eu só chacoalhava a cabeça e dizia que não. E ela insistindo...tive que retrucar: moça, você não está entendendo há quanto tempo eu quero comer um cachorro-quente normal no pão próprio pra ele. Tô frustrada. Não quero!!!

Só não chorei ali porque ia soar muito como coisa de “filha única”, mas confesso que a vontade era essa. Acabei pedindo um hambúrguer, que comi daquele jeito, só pra matar a fome mesmo.

Hummm... preciso curar essa frustração. Vou pedir algo que eu queira comer. Chamo a garçonete. Moça ...tem tortinha holandesa? E ela: tem sim moça...já vou trazer. Tá ... miséria pouca é bobagem. Ela nem teve coragem de voltar ali, pediu pra que outro garçom viesse me trazer a notícia fatídica: moça ...acabou a tortinha! Mas você pode pedir um sorvete, banana split... Preciso dizer que todos estavam chorando de rir?

Minha cara de decepção deve ter sido tão grande que a garçonete que havia atendido inicialmente voltou pra mesa e me trouxe um bombom como prêmio de consolação. No fim eu fiquei feliz com o bombom. Mas a vontade do cachorro-quente ....essa ainda existe.