"O Dia Em Que Perdi o Tezão" = Humor. Ainda bem...=

Lá pelos meus vinte e um, vinte e dois anos, eu tinha três namoradas em São Paulo. Como cada uma delas morava em um bairro diferente, e sendo na capital paulista, jamais se encontrariam (a menos que fossem personagens de novelas da Globo, nas quais todo mundo se encontra em algum capítulo, já que nelas as empregadas e patroas milionárias freqüentam as mesmas festas, shoppings e lugares da moda).

Feliz proprietário de um Chevrolet mil novecentos e não importa quanto, eu alternava as visitas e firmava meus relacionamentos com a Tatiana, com a Tarsila e com a Tereza Com Z (ela fazia questão do Z e acho que até distinguia se eu a chamasse de Teresa com S...). Bem, para não errar os nomes passei a chamá-las de Tê, Tetê e Tetetê. Ficou meio frescoso, mas menos perigoso que chamar a Tatiana de Tarsila, a Tarsila de Tereza ou a Tereza de Tatiana.

Certo dia (gosto dessa expressão...), passando pela 25 de Março, vi na banca de um camelô um monte de belos pingentes em formato de letras. Tinha de A a Z e em vários tamanhos. Comprando depressa, antes que o camelô tivesse que sair voando com a polícia atrás dele, peguei um T pequeno para a Tatiana, que era meu caso mais recente, um T médio para a Tarsila, que era mais antiga que a Tatiana e um T grande para a Tereza Com Z, que era um relacionamento já com certa assiduidade. Cada um mais lindo que o outro. Bem, isso segundo o meu bom gosto da época (que hoje em dia me “mata de vergonha”, como diz minha mãe.)

Na segunda-feira levei o Tezinho para a Tatiana. A menina ficou encantada com o mimo (“com o mimo”...coisa de viado, sô...) e me deixou levantar sua saia acima do rígido limite pré-estabelecido no começo de namoro e até mesmo...bem, deixa pra lá. Nossa intimidade continua sendo assunto nosso.

Na terça-feira levei o T médio para a Tarsila, que adorou o presente (até uns tempos atrás eu não usava, de forma alguma, o verbo adorar, mas, sei lá, acho que com a idade mais avançada a gente vai incorporando certas palavras ao nosso vocabulário machista e nem percebe que as usou (a menos que a mão dê uma caída suspeita..)) Está certo usar parênteses dentro de parênteses?

Na quarta-feira não levei o presente da Tereza Com Z. Era dia do marido dela trabalhar durante o dia e ficar em casa à noite. Deixei pra levar na quinta.

Na quinta-feira encontrei Tereza na porta de casa. Na porta de uma casa abandonada que a gente usava para o nosso sexo suave, delicado, quase sem movimentos. Se a gente abusasse do vai-e-vem corporal a casa poderia desabar em cima de nós. Sem exagero algum.

Enquanto acoplados (finesse literária de primeira...), sussurrei na orelhinha dela que havia lhe trazido uma lembrança escolhida com todo o carinho em uma joalheria da avenida Paulista. Ela ficou toda assanhada, rebolou mais embaixo de mim e quase que a casa caiu. Sem exagero algum.

Desacoplados, procurei pelo T grande em meus bolsos e cadê que eu acho? Putzgrila, mano!! Fiquei com o sistema todo nervoso. Procura daqui, procura dali, ela esperando toda risonha e feliz da vida, e nada de eu achar o presente dela. Eu havia, definitivamente, perdido justamente o Tezão. O maior, o mais caro, o mais bonito dos Tes.

O pior é que com a “perca” do Tezão a Tereza Com Z perdeu de vez o tesão por mim.

Depois desse triste episódio, já que a Tereza era uma delícia, com ou sem o Z, não tive outros casos sérios com mulheres com o nome começado com T, mas em compensação tive com traíras, taradas, trambiqueiras, tresloucadas, eTceTeras.

Fernando Brandi
Enviado por Fernando Brandi em 11/06/2010
Reeditado em 11/06/2010
Código do texto: T2314047
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.